Esse ano morri de novo
E renasci das cinzas que inventei
Nos dias da chuva solitária,
Nas noites de vento vazio
Que emergem da alvorada.
Murmúrios internos que atormentam
As flâmulas do anseio tardio,
As fibras breves do trevo
Do sentir entregue ao martírio
De um solene e sensível beijo
Às mortes internas das lembranças
Que outrora se inundavam no rio,
E em seus braços adormeciam
No vinho que os embebeciam
Com a ilusão de seu perfil.
Esse ano morri de novo,
E esse fantasma que vos escreve
Vaga aflito, sem rumo, sobre as raízes
Da melancolia dolorosa que se perde
Com sua mais indecifrável fuligem.
Autor: Abraão Marinho