Esta é uma obra experimental onde reúne trinta poemas mais alguns textos que escrevi em dias ilusórios, tornando todo o contexto artístico condizente à realidade.

Os poemas, na maioria das vezes falam de amor, sensualidade, solidão, enfatizando um pouco sobre o lado íntimo do autor, um jovem poeta louco e sonhador.

Leia com carinho os versos a seguir, e caso você seja a linda morena do vestido preto, considere apenas os versos apaixonados. Porém, como estou certo, mais uma estação irá passar, e no fim do dia algo será escrito…

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Capítulos

Quando a chama se apaga

Quando a chama se apaga,Apaga-se também a outra metade,Apaga-se também aquela vozQue murmura com intensidade. Um abismo de infinidades que se laçam,De paixões que vagam no escuro,De caminhos que se cruzamSobre as vestes do estreito muro. Quando a chama se apaga,Apagam-se também os moinhos,Os ventos do que já passouPelos vastos e enigmáticos destinos. Há que se desprender do vazioQue impede o seu calor,Que germina sob o cemitérioDa alma que grita de dor. Quando a chama se apaga,Apaga-se também a essênciaDo poeta esquecido e triste,Do poeta que não existe. Há que se ascender como raio,Há que se desnudar na fonteDo próprio abismo invisível,Do próprio castelo errante. Defronte às camadas desnudas,Avisto-me no horizonte turvo,E nada mais faz sentidoAlém do tom de voz mudo. Itacoatiara-AM, 05 de fevereiro de 2022.

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Quando me olhas

Quando me olhas lentamenteSinto o fogo congelar aqui dentroComo se fosse a morte que, de repente,Traz um esboço de sua pele desnudaPelo véu de sua palidez tão quente. Olhos profundos de desejo solitário,Gestos tímidos a acariciar seus cabelos,A boca trêmula com as vozes mudasQuase a imaginar o toque dos dedosLevemente invadindo sua luxúria. Suspiros tempestuosos, olhar submisso,Quase não disfarça o que imagina,Quase transborda o gemido interno…E assim o mel escorre pelos lábiosA implorar que lhe possua feito vadia. Itacoatiara-AM, 18 de fevereiro de 2022.

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Quão profundo são teus olhos

Entrego-me por instinto às coresDe tua beleza mais infinita,Aos sabores de teu vinho impuro,Ao teu mistério de vênus implícita. Quão profundo é o oceano dos teus olhos?Afogo-me só de pensar em seu brilhoQue reluz ao poço de meus porosE deságua no mais íntimo delírio. Quão doce é teu abraço mais sincero?Ah! Perderia até os passos,Talvez até derraparia em tuas curvas,Mesmo que a imaginar os traços. Há uma faísca rubra no peitoQuase a naufragar no aflito,Há um poeta louco a soluçarPor uma rosa de um jardimQue já floresce seu grito. Hei que encontrar seu silêncioE dizê-lo que me deixe partir,Mesmo que nunca me tenha prendido,Mas que nesse cálice de teu frágil rirNão me tome apenas como amigo. Itacoatiara-AM, 18 de junho de 2022.

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Quero-te intensamente

Quero-te intensamente,Desesperadamente,Inesperadamente,Intencionalmente,Por te querer assim,Apenas para mim. Não sei se me queres,Ou se apenas brincas comigo,Assim, sem intenção algumaDe me encontrar no sertãoDe tua pele macia e nua,Dos teus lábios de ilusão. Quero-te amarguradamente,De modo extremo e inevitável,Com todas as forças dos braçosQue a ti amam brutalmente,E de minha mente, que por ti,Tece amores inexplorados. Itacoatiara-AM, 16 de dezembro de 2021.

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Retalhos

Se ao vê-la já me nego a respirarQuem dirá ao tocá-la, mesmo de relance,Ou talvez simplesmente roubar de seus lábiosO riso mais feroz de seus ramos impávidosComo num trecho de romance. Se ao vê-la já me perco ao chãoQuem dirá ao sentir sua respiração ofegante,Talvez de modo raro e dilaceranteEu possa me encontrar em tua metade;Corpos que se unem, almas que se invadem. Caso estejas pensativa e presa à dúvida,Arrancar-te-ei os mais intensos sentidos,Desabrocharei tua carne crua com volúpia,Beijar-te-ei na hora mais íntimaAté arrepiá-la os pelos da nuca. E minhas mãos enlaçarão teus cabelosComo se estivesses a cair de um precipício.Direi juras de amor tão devassas que ficarásComo um oceano de nervos enrijecidosE fecharás os olhos como se fossem amordaças. Num breve momento de tormento,Acordo-me deste sonho feito um dilúvio,As lágrimas escorrem sobre o orvalhoE preenchem o solo diminutoDa miragem que tenho em retalhos

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Te quero aqui comigo

Minha querida flor de traços firmes,Quero-te aqui comigo sempreComo se fosse eternidade;Quero-te a todo instante,Sem descanso, com intensidade. Quero sentir todos teus laçosA açoitarem meu instintoMais humano e ancestral,Os cetins do teu agradoA soluçar pelo peito colonial. Sou escravo de teus caprichos,Prisioneiro deste desejoQue invento na solidão,Na vertigem do segredoDe esconder esta paixão… Itacoatiara-AM, 23 de dezembro de 2021

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Teus olhos

Sequer conheço teus olhos,São negros, claros, de mel?Sequer sei se brilham,Sequer os vejo no céu. Vejo-te de longe, translúcidaComo a aurora do silêncio.Perco-me no riso calmoDe teu semblante no vento. Vejo-te leve como a folhaQue paira nos campos,Como a seduzir a nódoaDa pequena chuva de prantos. Prantos de meu rosto tingidoDo vasto abismo que, ao vê-la,Embebe-se do doce delírioDe, lentamente, tê-la. Itacoatiara-AM, 21 de março de 2022.

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Tu és

Tu és minha querida,O jardim que adorna a manhãCom suas flores que dão a vidaAo meu peito tão afã. Tu és estrela guiaDas nuvens que cobrem o mar,Tu és a estrada fria por ondePercorro buscando o luar. Tu és acorde e ritmoDa canção que me desfazEm versos de delírioOnde me escondo em paz. Itacoatiara-AM, 2021.

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Versos de um solitário

Neste dia nublado e obscuroHá vestígios teus sobre o pensamento,Há um pouco de ti na melodia de LisztQue ouço sobre o véu deste campo triste. Que porvir que avisto nessa solidão!Nas paragens do vento ao rostoVou-me partindo em contramãoÀ estrada onde me perco pouco a pouco. Estrada esta que inunda todo soloEm vertigens que desfaço.Em contrapartida a isso me entrelaçoNas estrelas que me oferecem colo. E choro feito um sabiá na manhã,Sem brilho, sem instinto, sem chão.Embora esteja na encruzilhada afãAinda ergo os olhos à nova estação. Ainda que ela esteja tão distanteHá que me completar à metade que,Inalterada e obstante,Encontra-se escondida na tarde

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