Neste dia nublado e obscuro
Há vestígios teus sobre o pensamento,
Há um pouco de ti na melodia de Liszt
Que ouço sobre o véu deste campo triste.

Que porvir que avisto nessa solidão!
Nas paragens do vento ao rosto
Vou-me partindo em contramão
À estrada onde me perco pouco a pouco.

Estrada esta que inunda todo solo
Em vertigens que desfaço.
Em contrapartida a isso me entrelaço
Nas estrelas que me oferecem colo.

E choro feito um sabiá na manhã,
Sem brilho, sem instinto, sem chão.
Embora esteja na encruzilhada afã
Ainda ergo os olhos à nova estação.

Ainda que ela esteja tão distante
Há que me completar à metade que,
Inalterada e obstante,
Encontra-se escondida na tarde

 
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