Entrego-me por instinto às cores
De tua beleza mais infinita,
Aos sabores de teu vinho impuro,
Ao teu mistério de vênus implícita.

Quão profundo é o oceano dos teus olhos?
Afogo-me só de pensar em seu brilho
Que reluz ao poço de meus poros
E deságua no mais íntimo delírio.

Quão doce é teu abraço mais sincero?
Ah! Perderia até os passos,
Talvez até derraparia em tuas curvas,
Mesmo que a imaginar os traços.

Há uma faísca rubra no peito
Quase a naufragar no aflito,
Há um poeta louco a soluçar
Por uma rosa de um jardim
Que já floresce seu grito.

Hei que encontrar seu silêncio
E dizê-lo que me deixe partir,
Mesmo que nunca me tenha prendido,
Mas que nesse cálice de teu frágil rir
Não me tome apenas como amigo.

Itacoatiara-AM, 18 de junho de 2022.

 
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