Penso em ti todas as noites,
Penso em ti de maneira intensa,
De modo que não consigo
Pensar em mais nada,
Com a alma tensa…
Até quando não penso,
Penso em ti como um louco,
Como um desesperado menino
Encarcerado nas lágrimas
De um grito rouco.
Penso em ti contraditoriamente,
De modo inequívoco,
Sensual e tão impuro
Quanto as larvas do vulcão
Onde me sinto seguro.
Todas as noites te vejo
Nua no luar dos meus olhos,
No céu do lábio aflito,
Nas mãos cheias de ternura
A saciar teu imenso delírio.
Todas as noites imagino
Quão doce é teu gemido,
Quão afiadas são tuas unhas
A perfurar minhas vestes
Como se fossem martírios.
Oh! Vênus que me parte em dois,
Não me faças de escravo eterno
Desse teu corpo inexistente,
Que me mostras na madrugada
De modo tão insistente.
Como será tua face estrelada?
Como será tua leve mordida
Nos lençóis do amanhecer
Que me vestem amargamente
Por todo o doce fenecer?
Penso em ti todas as noites,
Em todos os sonhos confusos,
Em todas as veias soltas
Pelo ar, que de repente,
Torna-se o leito mais profundo.
Itacoatiara-AM, 04 de janeiro de 2022.