Dama do luar

Cultivo versos qu’inda não perdi
Do poeta que existe aqui dentro,
Aqueles versos que vagam nas profundezas
Deste labirinto que me vem como relento.

Como se pudesse existir, encontro-me
Em busca de teus ramos silenciosos,
Deflagro-me no subsolo de tua solidez
E me encanto em teus trilhos rochosos.

Minh’alma antiga ainda suspira
E por isso idealizo a dama do luar
Que me vem como acalanto aos olhos,
Que petrifica cada suspiro no ar.

Avisto-a nos montes de meu submundo,
Tão bela e enigmática quanto o pôr do sol,
Tão reluzente quanto a derradeira alvorada,
Tão frágil quanto as pétalas de um girassol.

És adornada de uma fidúcia angelical,
És tão melancólica que de sua voz
Soam as mais tristes palavras de silêncio
E um murmúrio inaudível de tormento.

Quem me dera conhecer tua essência,
Teu abismo, o cosmo de tua ideologia;
Conhecer teus castelos, teus anseios;
Ver-te sobre meus braços ao fim do dia…

Sento-me à espreita da calçada suja,
A noite reluz nos céus o esboço
De tuas ondas espectrais
Como fantasmas e outras coisas mais.

Na escuridão sepulcral de tanto devaneio
Vens a mim num espectro cinzento.
Dizes ternuras, tocas o profundo esteio
Como véu da tempestade ao pensamento.

Itacoatiara-AM, 14 de junho de 2022.

 
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