A Loucura Em Desabafos

Este livro retrata muito bem um desabafo, um texto corrido que flui os pensamentos. Escrevo aqui como se estivesse em uma conversa normal. Converso aqui com minhas ideias, meus desertos, minhas tempestades, minhas angústias e, sobretudo, com minha doce essência.

Às vezes não conseguimos demonstrar o que sentimos em gestos, mas as palavras esmagam essa possibilidade e descrevem tudo o que está acontecendo, tudo o que deveria acontecer e tudo o que aconteceu e o porquê lhe afetou dessa maneira, às vezes tão intensa.

Decerto, a loucura germina em mim, e traz o intimismo, as possibilidades irreais, os amores inúteis por coisa nenhuma. Essa loucura cria vários universos, vários personagens, várias experiências: desde as mais simples às mais complexas, que nem sequer podem ser citadas.

Converso aqui com um leitor farto de enredos clichês, de frases de efeito, de qualquer coisa que não tenha originalidade. Como um autor independente, estou completamente livre de conchavos literários, de prisão a um único estilo.

Uma loucura que complementa a outra

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Capítulos

Loucura XX

A cada instante me vejo perdido, a cada sensação me vejo sem trilho, trilhando a morada do que desconheço, desconhecendo a enseada do que me desfaço, desfazendo-me na escadaria onde me refaço. Anseio pelo dia em que me reconheça, que veja em mim o que vejo em quem admiro, que sinta por mim metade do amor que acho que possivelmente tenho. Este amor, portanto, libertará meu desgosto. Anseio pelo dia em que conseguir chegar ao mais íntimo, ao mais palatável sentido humano; anseio pela vida e pelo devaneio da poesia que está presente em minhas entranhas. Quiçá, anseio pelo dia em que a poesia sente-se à mesa junto ao jantar, em que a poesia seja retratada de maneira fiel em séries, novelas e vídeos diversos. Anseio que autores independentes e desconhecidos possam desprender-se de uma vez por todas das cordas que amarram o crescimento de suas carreiras. Anseio ser inspiração

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Loucura XXI

As palavras possuem poder de mudar tudo que existe. É por meio das palavras que construímos novos horizontes, que erradicamos inexistências. Embora não entendamos o que muitas delas querem dizer, sentimos a energia passada por elas. Recordo de um poema que fiz há algum tempo, que diz o seguinte: Almas do deserto, do deserto de solidão,Do desterro que me vem na manhã,Nas longínquas possibilidades enterradasSobre o vale triste, indescritivelmente afã,Que se debruça sobre toda alvorada. Vou caminhando, sem rumo, nas rochas,As pedras tropeçam pelo airoso caminhoQue me restringe os mais abruptos passosReprimidos pela imensidão e pelo calorIndissolúvel das águas dos moinhos. A sequidão da floresta se assemelhaÀ escuridão da mente, ao inebrianteBrilho que ofusca toda consolaçãoQue me vem em dias adversos,Que me vem em horas de devastação. Mas continuava a caminhar pela linhaTênue e abstrata das nuvens invisíveis,Sentindo os ventos se esgueirarem nos céus,Que me abraçavam em formatos hexagonais,Tornando-me seis

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Loucura XXII

Acontece que às vezes temos ideias boas, mas nos perdemos em nossos próprios pensamentos. No poema acima narro, de maneira mais poética ainda, a solidão que corre nas veias mais profundas de um poeta. Contudo, escrevo possibilidades, tristezas em vão. Escrevo, sobretudo, do medo de ser esquecido. Afogo-me em lágrimas quando, olhando ao horizonte, não consigo ver futuro algum, apenas as desesperanças desesperadas e acorrentadas. Tenho que puxar do fundo da alma, da introspecção mais inevitável, com todas as forças do destino, a possibilidade de conseguir todos os objetivos. Há quem diga que é pessimismo. Há quem diga que é pouca fé. Como pode ser sem fé algo tão insistente? Como pode ter pessimismo algo tão realista? Como podem tantos contextos? Tenho medo de um dia perder as forças, de sucumbir aos caprichos humanos, sempre a procurar atalhos. Não quero ter uma trajetória reduzida, onde não possa construir meus próprios

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Loucura XXIII

Sinto que sou único, não por pensar em superioridade ou por pensar em ser um portador do mais alto grau da inteligência. Sinto-me único porque invento palavras que somente eu entendo. Sinto-me único porque construo lugares que somente eu possuo acesso. Sinto-me único por conseguir imaginar, por conseguir criar histórias por onde navego, e concluo tudo que deveria. Sinto-me único, talvez, por ser sincero em tudo que penso, em tudo que acho que tenho. Poucas pessoas me entendem, mas quando entendem, é porque são especiais, é porque possuem o DNA da poesia correndo nas veias, na alma, no espírito. Quem me entende, sabe que sou único, mesmo que o único idiota que acha que é único. Quem me entende, compreende que essa loucura impermeável transforma o ser em um herói, em qualquer coisa que queira ser, em qualquer sonho que queira ter. Imagina? Ser alguém que lê mentes pela proximidade

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Loucura XXIV

Cansei de pessoas iguais, de conversas tão formais, de sentimentos e sensações fingidas. Cansei de ser único diante da multidão, cansei de estar diante da multidão; até o ar que respiro às vezes me falta no meio desta temida e tão robótica multidão. Até os livros estão ficando iguais. O que preciso fazer para fugir de tantas repetições, tantos vícios, tantas fragilidades? O que preciso fazer para ter um pouco de poesia? Talvez, até que a morte não seja uma má ideia em certos sentidos. Escalo algumas montanhas melancólicas, reflito sobre as águas do esgoto, quiçá um dos lugares mais tranquilos e limpos da cidade. Por quê? Porque lixos, dejetos humanos e até mesmo a própria imundície são mais limpos e puros que a mente dos humanos. Claro, alguns humanos, não podemos relativizar algo tão claro! Mas sempre me sinto como se não fosse suficiente; parece que nunca consigo dar

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Loucura XXV

Só sei que, apesar de tudo que finjo, ainda há algo realmente interessante a se fingir ainda mais, ou a libertar-se para o reino da verdade. As pálpebras inundam, os gritos internos se devastam ao lembrarem de algo ainda mais corriqueiro no dia a dia: Nos acostumamos com o fracasso, com o pesar do que poderia acontecer, de como as coisas seriam diferentes se mudássemos alguma ação, alguma fala, algum gesto, alguma coisa sequer. Nos acostumamos com o simples, com o “da próxima vez consigo”, e com o “foi melhor assim”. Nos acostumamos a não tentar pela segunda vez, pois achamos que a primeira foi um livramento. Nos acostumamos a desistir porque “fulano tentou outra vez e não deu certo”. Um ciclo vicioso de pensamentos inúteis, de não saber medir o exacerbado erro de se ter uma mentalidade materialista versus o infantil erro de se continuar medíocre pelo medo de

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Loucura XXVI

Uma melancolia intensa se abate em meu peito, pois até mesmo não nos acostumamos a pensar, não nos acostumamos a mudar. Dando pra viver, pra acordar cada manhã e vender as horas, pra chegar no fim de semana e depois repetir o mesmo ciclo… tá ótimo demais para mentes que se acostumaram com o simples. Acostumar-se com o simples é, sobretudo, o retrato de pessoas vazias, de pessoas que não conseguem evoluir e, por conta disso, transformam sua passagem na terra algo simplório e totalmente sem importância. Não se mudam mentes, não se mudam vidas, não se mudam atos, não se mudam seres… seres reais que se tornam irreais. É triste saber que por detrás de tantas possibilidades, nos acostumamos a não ser nada, a não produzir nada, a não prover nada; apenas ver e criticar pessoas que não se acostumaram com isso e, portanto, que são incompreendidas pela mediocridade

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Loucura XXVII

Nessas horas, recordome de uma pequena crônica que fiz quando estava no ensino médio. Dizia assim: “Nas imediações de um país tomado pela mediocridade, e ao mesmo tempo pela beleza natural não explorada; pela cultura totalmente tomada pela bestialidade, há um garoto diferente e totalmente farto deste tipo de nojeira, muitas delas feitas com dinheiro público, outras com a irretorquível lavagem de dinheiro.Nesse lugar promove-se a todo vapor o crime organizado e demais aberrações, ora com ares de inclusão, ora com ares de moda. Tenta-se despertar a todo custo apenas os sentidos mais simplórios e básicos do ser humano: Comer, dormir e fazer sexo.Na arte, apenas vê-se rasuras, quando não alguma escrotice de movimentos revolucionários. Quando não, vê-se espalhado nas ruas milhares de artistas sendo ignorados e, às vezes, vilipendiados.O garoto faz poesias, crônicas, contos e tinha alguns livros, mas era ignorado, e tem que aturar “mc priquito”, “mc maconha”

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Loucura XXVIII

Brasil varonil. Ainda tenho fé nesse lugar, mas cada vez fica mais difícil por conta da imensa minoria de medíocres da elite que fingem ser do subúrbio. Nessa época de escola aconteceram várias coisas, e pelas monótonas aulas eu escrevia o que viria a contribuir para cinco livros próprios. Estilos como crônicas, contos e principalmente a poesia foram explorados, o que me dava liberdade para expor sentimentos em vários gêneros. Aliás, quantas pessoas desejam desabafar e não conseguem redigir o próprio pensamento. É preocupante sentir inúmeras coisas, passar por diversas situações sem contar a ninguém. Bom, um pedaço de papel ou uma tela de celular ou notebook podem ser importantes para a criação de uma nova história, um novo ponto de vista sobre determinadas coisas da vida. Aliar inúmeros contextos a outras inúmeras palavras com outras inúmeras mentes gera uma grande conexão de coisas que se imaginam, e que até

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Loucura XXIX

Lembro-me agora, também, de uma peça de teatro que fiz. Sem embasamento teórico nenhum, arrisquei criar algo novo, criando novos horizontes criativos na mente de poeta. Nascia assim, mesmo que de maneira ofuscada, O Trágico Romance. CENA I, II e III PERSONAGENS:POETA E FLORBELA CENA I Havia rumores por toda a cidade que dois desconhecidos conversavam por meio da carta, reza a lenda que o poeta avistou a bela moça e de repente se encantou, as palavras de seu peito não soaram e o tempo estava chuvoso. Eis a carta que restou de um amor sublime que nunca existiu. POETA: Vi-te hoje pela primeira vez, foi como se as rosas entrelaçassem meu coração perante os espinhos. Estavas caminhando nas veredas de meus olhos, e na hora sonhei contigo nas profundidades de minha alma. Meu coração quase não resiste, e eu queria ver-te outras vezes para ao menos recarregar minha ilusão,

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