Cansei de pessoas iguais, de conversas tão formais, de sentimentos e sensações fingidas. Cansei de ser único diante da multidão, cansei de estar diante da multidão; até o ar que respiro às vezes me falta no meio desta temida e tão robótica multidão.

Até os livros estão ficando iguais. O que preciso fazer para fugir de tantas repetições, tantos vícios, tantas fragilidades? O que preciso fazer para ter um pouco de poesia? Talvez, até que a morte não seja uma má ideia em certos sentidos.

Escalo algumas montanhas melancólicas, reflito sobre as águas do esgoto, quiçá um dos lugares mais tranquilos e limpos da cidade. Por quê? Porque lixos, dejetos humanos e até mesmo a própria imundície são mais limpos e puros que a mente dos humanos.

Claro, alguns humanos, não podemos relativizar algo tão claro! Mas sempre me sinto como se não fosse suficiente; parece que nunca consigo dar meu máximo a nada, até no que mais gosto. Até chega a parecer que não sou bom no que acho que sou.

Nutrir-me de egos é perigoso demais para quem é único. Será que sou suficiente? Será que o que escrevo é incompreensível? Ruim ou bom? Raso demais para parecer profundo?

Não sei, às vezes as palavras não chegam no coração, e ficam presas no desentendimento, até serem esquecidas eternamente. Isso que escrevo estará nas mãos de alguém que realmente entenda o que quero dizer? Isso que escrevo é suficiente para denotar uma confusão ilusória nas mentes?

São tantas perguntas, tantas inutilidades a se pensar. Devo saber que, decerto, não posso agradar todo mundo, e que portanto, certa parte das pessoas não conseguirão entender tais palavras… mas por erro meu ou falta de interpretação.

Fico feliz em não fazer demagogias, em não usar palavras complexas para contextos diferentes onde as mesmas não são corretamente colocadas, em não me desfazer dessa personalidade descritiva que percorre em minha segura essência.

Só não sei se alcanço patamares maiores, se conto detalhadamente algumas informações desnecessárias, se repito palavras ou uso o sinônimo delas; não sei se realmente experiências pessoas são suficientes para embasar isto que digo.

Só sei que o desabafo é assim: com frases soltas, gritos interrompidas, ideias inacabadas, angústias liberadas dimensões estratosféricas. Ao mesmo quero não escrever tudo isso em vão, não quero morrer ao chegar à beira praia, ao abraçar uma outra de mim que nem sequer sei se existe.

 
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