Na confusão das ideias, consigo encruzilhar a escrita, a poesia, a crônica, o conto, o sentimento, a mentira… tudo que pode ser caracterizado por versos, frases, estrofes, parágrafos e sentimentos. Sinto que estou preso em mim mesmo, às vezes liberto-me ao mundo ao enxergar um pouco distante; às vezes os olhos pesam, as mãos tremem, o corpo padece, mas a mente continua firme e forte na composição poética.
Distraio-me facilmente, quando menos percebo, o sono me derruba no sofá, na cadeira, na cama, na calçada fria de meus passos. Nada é tão fácil que não pareça ser tão difícil. Enquanto isso, continuo a escrever até mesmo quando a mente está distante, que o corpo trêmulo e cansado estira-se na cama como uma caça diante de seu abate.
Novamente, a desatenção chega e me cega os olhos por alguns instantes. Tudo está tão automático, a cabeça chega a girar em rotações pendulares. Quem me vê, nem percebe que o corpo gelado está sem vida por alguns instantes. Quem me vê, nem percebe que na mente há uma mistura de cores, melodias, falas e sentimentos que nenhuma pintura retrataria.
Retrato-a como um abismo dissonante, como uma aurora da madrugada, como um quadrado redondo, como um museu de grandes novidades. Figuras formam-se nos olhos pesados, os quais carregam o peso da própria existência, da própria exasperação torrencial de amargura.
Olho fixamente ao sol, à lua, aos cadáveres que me cercam, todos conectados em uma rede social que de social tem apenas o fato de se destruir, mostrando a destruição a outros destruidores de si, de nós, de todos, de ninguém. Parece confuso, mas tudo é facilmente conectado às rochas que prendem a razão, às montanhas que elevam o espírito, seja ele forte, seja ele fraco, seja ele sofrível.