Será mania de grandeza sentir-se pequeno? Será que minhas incompreensões são transcendentais? Será que serei solitário na lua de mel com meu outro eu? Será que sou mesmo o que aparento ser, ou sou reflexo daquilo que mais detesto? Os opostos se atraem, assim como minhas mágoas aumentam diante do fingimento, assim como me calo diante da falsidade que me cerca.
Ah! Tenho medo de ser tão incompreensível e óbvio ao mesmo tempo. Tenho medo de ser sentimental quando tiver de ser gelo, de reunir todo gelo da Antártida quando tiver de ser humano. Diante da complexidade humana, contento-me em ser original, em não corromper-me diante do fracasso dos seres frágeis e “oprimidos”.
Satisfaço-me escrevendo, mesmo que de maneira automática. Escrevo como um animal, sem pensar em sentenças, sem filtrar o que quero dizer para agradar seres imundos. Escrevo como uma alma flutuante que viaja todo o mundo em questões de milissegundos, guiando-se a qualquer direção.
Suscito a qualquer instante um lado intimista, onde o íntimo é mais profundo que a escuridão do universo. Dentro de mim há milhões de pedaços, personalidades embutidas nos personagens, pensamentos contextualizados a cada situação, segredos guardados a catorze chaves-mestres que eu mesmo desenhei. E nem por isso deixo de ser normal, deixo de cantar, sonhar, chorar, viajar, fazer o que qualquer pessoa faz, o que qualquer vagalume brilha.