Encerre esta loucura com um adeus retumbante, com vozes dilacerantes ecoando ao seu ouvido surdo.
Desfecho-me como as cordas do violino de Paganini, entrego-me ao luar descrito em canção por Debussy, à Ave Maria de Schubert, às Gnossiennes de Satie e toda infinidade e intensidade da interpretação de Liszt nas noites de frio. Sorte tenho de não ser mais um bebum, mais um tuberculoso na época do mal-do-século. De pessoa à Pessoa entrego meus diversos heterônimos incompreensíveis, persuadidos.
Da infância à juventude, da fase adulta à velhice que nunca cheguei, nunca estive tão só. Não sei se por incompreensão dos demais, ou por orgulho de aceitar que sou um “mais do mesmo” medíocre. Detesto ver o reflexo do fracasso, detesto acordar diante de um sonho irreal. Não suporto ter que suportar as rasas vozes que entranham em minha cabeça e importunam minha famigerada insignificância.

 
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