Loucura VIII

Sou poeta, sou fingidor de dores existentes. Costumo dizer que de meus textos surgem poesias, de minh’alma surgem campos floridos e dispersos. Pra ser poeta, preciso ser sincero; pra ser poeta, preciso reluzir verdade em todos as estrofes, a cada verso, a cada palavra indizível aos lábios sinceros.

Pra ser poeta não precisa apenas sentir uma dor demasiada a cada segundo passado, mas saber que o mesmo representa alguma ilusão. Decerto há-se de ter uma angústia inacabada, quer seja na noite, quer seja na madrugada.

Primeiramente, há sempre em vista uma moça a suspirar com os mais lindos poemas apaixonados e, com os versos inacabados, há sempre uma flor apagada. Porque dentre os devaneios de verão, ainda que haja devastação, há sempre um pálido olhar a encruzilhar cada morada.

Depois, há-se que amar em pensamento, cada dia, cada hora, cada momento. E na hora iludir-se em derradeiro pranto, não apenas por sorte ou por engano, pode-se conter o vício em grandiosa candura.
Pra ser poeta precisa transmitir verdade até nas frases de ficção.

Há que se ter uma fiel conexão entre a dor e a cura; entre a cruz e a espada sempre há um relógio parado. Sendo assim, quando tudo parece sem saída, há uma luz no fim da juventude, perto da morte. Incontestadas vezes o frio derreteu a alma mais serena e, com o gelo de seus olhos, abrasou as lacunas das dúvidas.

Porém, ainda há que sentir-se similarmente dúbio antes de conclusões precipitadas. Ainda que haja um sentido rabiscado, assim como o cérebro rubro e desvairado, a poesia sempre quieta e triste reverbera, mesmo que na poente tarde, todo perfume que se exala de uma pétala.

Portanto, há que se despertar deste vago perfume, que em sua fuligem pode ter armadilha ao poeta louco. Da mesma forma, quando se tem segurança no que se escrever, qualquer silêncio vira prece e qualquer palavra se eterniza no coração de quem escreve e de quem lê.

Pra ser poeta, há que se contemplar do reconhecimento tacanho até do povo da própria terra. Há que ser paciência demasiada, bem como a mente ocupada, pois o reconhecimento pode vir apenas quando se morre.

 
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