Loucura IV

Há no interior de cada um de nós a bondade ou a maldade que nos faz automaticamente afastar-se ou aproximar-se das pessoas. Às vezes, pela incompreensão de certas palavras, tornamo-nos um personagem, um espantalho às mentes mais suscetíveis ao erro ou ao pedantismo da interpretação inválida de uma pequenez risível.

A solidão desfolha cada parte pútrida do ser humano. Por insegurança, muitos veem algo negativo na solidão, mas para mim ela é uma amiga, e está presente comigo em cada ato, em cada verão, em cada inverno, em cada primavera. É a solidão inspiradora quem me mantém de pé, simplesmente a navegar pelo cálice de minha própria vida.

Faltam-me amigos, talvez por ter uma mentalidade diferente, ou talvez por ter alguma mentalidade. Na desnuda noite, enquanto outros entregam-se ao bucolismo, entrego-me à solidão da madrugada, à solidão de meus versos, à solidão de um pensamento que me torna um ser humano de verdade, um ser humano autêntico, um ser humano sem vícios patéticos.

Fico feliz que ao menos tenho a solidão em vez de uma carne podre banhada a álcool. Fico feliz que minha inspiração venha por meios naturais e que eu esteja sóbrio para aproveitá-la de forma que não seja um animal doente por meus próprios vícios. Fico feliz por não poder trocar a solidão por amizade torpe que apenas está a me esperar virar de costas para me esfaquear sem que haja defesa.

 
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