Olho para o passado e não me arrependo de nada. Se não tivesse cometido erros, talvez não tivesse me tornado uma pessoa melhor; se ligasse tanto para a perfeição das palavras, nem sequer teria iniciado no mundo da poesia.

As coisas devem acontecer nos devidos contextos, no devido tempo em que devem acontecer. Com esse livro, espero inspirar outros autores a não desistirem.

O que fiz nessa narrativa, foi apenas escrever sem me importar com nada. Deixei a criatividade me falar como deveria seguir cada início de frase. Consegui? Mal sei! Quem deve me falar isso são os leitores dessa loucura.

Ao iniciar esse devaneio, refleti bastante, e deixei o resto agir naturalmente. Apenas se reveste em mim um sentimento que não sacia a vontade de continuar a escrever mais e mais.

Enquanto isso, essa vontade me corrói em dias menos criativos, transformando-me em uma espécie de zumbi programado, mas programado por diversos vícios profanos de escrita. Quiçá, seja uma outra loucura, tão logo seja uma virtude.

Com o decorrer do tempo, percebo que vou me aperfeiçoando no que faço. Alguns projeto são deixados de lado por alguma falta de inspiração, mas depois são finalizados. Foi assim com esse que vos apresento.

Termino, portanto, com um poema chamado ‘O Poeta’, que diz o seguinte:

O Poeta

O poeta é um encontro
Entre a solidão e a saudade,
Entre o desespero e a melancolia,
Entre as flores que perfumam o dia
E trazem a mais calma tempestade.

O poeta é uma ideia, uma emoção
Incompreendida na mais íntima mentira;
Uma verdade tingida na dor invisível,
Na desconstrução dos traços de harmonia
Que se desfazem no pranto adormecido.

Recai-se diante do raso infinito
Tão profundo quanto o triste abismo
Que se desenha nos ventos,
Que se destrói nos conflitos
Da eternidade, que seria o relento.

Deita-se no mar da insignificância,
Rejeita-se diante do verso mais profundo,
Cai-se diante ao próprio reflexo inexistente
Que, na fumaça, apenas reflete seu mundo…
Apenas o vazio, a vontade indigente.

Lembra-se do passado que não viveu,
Atordoa-se pelo futuro do presente,
Tarda-se da inépcia de sua existência
E no soar de sua mais completa incoerência,
De seu mais inútil sorrir, que se vem de repente.

Esse poeta sou eu, és tu, é ele?
Quem de nós? Quem de vós?
Quem carrega no peito o nascer do sol,
O entardecer da lua, o pranto da chuva
E o inexorável destino de estar só?

Itacoatiara-AM, 21 de junho de 2021.

Autor: Abraão Marinho

 
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