Antologia Poética I

Com 50 poemas escolhidos pelo próprio autor, esta antologia representa um pouco sobre o infinito universo literário e poético do mesmo. Foi criado para ser uma espécie de vitrine a novos leitores.

Abraão Marinho, escritor, poeta, cronista e contista reuniu em um único livro um pouco de seu modo de escrita. O autor de 19 anos, que até o momento tem 6 livros, lança agora a sua sétima obra.

A poesia está presente em 5 dos seus livros. Sendo assim foram tirados 10 poemas escolhidos a dedo para a melhor participação nesta antologia.

Os poemas selecionados contrastam vários sentimentos, contendo poemas de amor, poemas de tristeza, poemas reflexivos, poemas sociais, dentre outros estilos destacados por Abraão.

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Capítulos

Poema da resistência

Não me diga o que fazer,Não escolha como devo me expressar,Não preciso destas migalhas,Sou autêntico, não devo me humilhar. Não quero destruir a família,Nem tente me converter com mentiras,Nem com livros progressistas,Nem com ideias que nunca funcionarão. Não sou um zumbi programado,Um militante que não sabe o que diz,Nem o que significa fascismo,Sou vítima de um sistema pervertido. Querem me combater com notícias falsas,Com um passado distorcido de sua narrativa,Não perderei meu tempo expondo a farsa,Não sou psiquiatra, que o tempo intervenha à covardia. Para algumas pessoas do mundoO que importa é droga ou casamento gay,Ou uma relativização do que é minoria,Como se um desejo valesse mais que a lei.

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Psicografia

Estive por anos parado no tempoPor simplesmente a saúde inexistirE vi-me assolado em decadência,Sentindo por dentro algo exaurir. Por muitas vezes faltou-me coragemDe entregar-me ao abismo,Mas a força tomou contaE tudo de repente tornou-se infinito. Passou-me a vida aos olhosE do pensamento a razão se foi.A neblina passou feito um vendavalE os batimentos cessaram e algo mudou. De repente, senti-me em pazPela primeira vez em tantos anos.Senti lágrimas, lamentos, tormentos,Ora vi-me ali ora noutro plano. Passou-me o erro onde era o coraçãoE agora tudo faz sentido, até as dúvidas.Por que fiquei assim? Por quê?É doença, destino incorreto ou ignorância mútua? Minhas palavras foram estarrecedorasE muitas delas, eu paguei com esse destino.Nunca diga nada sem saber, sem compreender,Ou julgue perante aquele ser mais divino. Na falta de vida veio-me a sabedoriaE a informação que nunca tive.Portanto, de nada adiantaram as imagens,E espantado, agora olho de modo sublime. Passaram-me vistas boas e

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Quando as lágrimas transbordam

Quando as lágrimas transbordamEncontro-me perdido, em ascensão,No estopim de uma atemporalidadeQue me cega, e depois traz a visão. Quando as lágrimas transbordamVejo-te no espelho das profundezasQue se encontram na escuridão,Sem o vestígio da amarga beleza. Quando as lágrimas transbordamMinha mente se inunda na agonia,Os dias se desconstroem nas noites,E a luz nada faz; entrega-se à melancolia. Quando as lágrimas transbordam,Fico parado, quase a me afogar,Elas tocam em mim, e me desfaço,Acordo, e discorro sobre um olhar. Quando as lágrimas transbordam,Transpassam as correntes da alma,E ainda desfazem o riso da solidão,Que sai flutuando, morrendo, em calma. Quando as lágrimas transbordamCostumo olhar para o doce horizonte,E vejo as fagulhas do medo destroçaremA sinfonia discreta do algoz monte. Quando as lágrimas transbordamLembro-me do dia que nem passou,Das horas em que escrevia a triste poesia,Nas horas em que procurava o que dela restou. Quando as lágrimas transbordamVejo as cinzas da palavra que morreuNo cárcere

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Resiliência

Se eu mostrasse tudo o que sintoAs palavras borrariam o papel,De tanto sentir o que gosto já nem minto;Se eu pudesse mostrar como é… Se aquilo que faz sentido sumisseComo o sol em poucos segundosNão restariam flores sem espinhos,Não restariam palavras sem insultos. Se um dia eu chorarA gota salgada da agonia,Não se esqueça de enxugarNo chão o que restou da poesia. Junte os cacos do espelhoE deixe refletir a cicatriz,Olhe a sombra das angústiasNão se cruzarem por um triz. Não se esqueça de mimQuando o poço ficar rasoE as paredes deixarem sem saídaO que luzia no obscuro escasso. Um dia conquistarei a tua vontade,Derramarei em teus olhos meu mundo,Descobrirás como o fim está distante,Como a luz distante findada está em tudo. Diante das confissões mentaisFaçamos à psicologia a loucura do ser,Loucura do poeta sem limitesÀ contagem regressiva de se autodescrever. Quero mostrar-te como autocurar-se,Mostrar que nem tudo é fácil

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Se eu morresse hoje

Se eu morresse hoje,A tristeza iria descansar,Os sonhos evaporar-se-iam,Meus versos vagariamNo esquecido e eterno lar. Se eu morresse hoje,Deixaria alguma dor em alguém,Mas diria que as lágrimasNão passam de poesias áridas,Que eternizam um passo além. Se eu morresse hoje,Alguma luz pousaria no luarE as estrelas diriam, calmamente:Alguma vez na vida, eternamente,Poderei finalmente descansar. Se eu morresse hoje,Não faria nada além do que faço,Mas colocaria em uma cartaAs direções exatas do mapaOnde estaria agonizando no espaço. Se eu morresse hoje,Atravessaria todos os oceanos,Iria ao túmulo de meus sentimentos,Resgataria meu tempo, e diriaA quem me salvou: eu te amo. Se eu morresse hoje,Olhar-me-ia no incauto espelho,Refletiria todos os meus atosE pediria perdão pelos falhos,Depois agradeceria ao esteio. Se eu morresse hoje,Esperaria até o doce diaPara acordar em uma manhã,Onde minha alma triste e afãTrouxesse a derradeira melodia. Se eu morresse hoje,Poderia pedir que em meu caixãoTivesse uma única e dócil imagem,Que mostrasse

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Se um dia o amor chegar

Se em um dia de verão qualquer, quem sabe,Tu estiveres desacreditando do amorE no mesmo momento uma lágrima do céu cairEm direção à tua face descrente e desanimada,Não se descuide de olhar paraO lado imediatamente, pois o reflexoDo passado pode te trazer lembranças. E nesse momento tu podesLembrar-se de alguém,Ou de uma amizade que se acabouE poderia ter sido algo mais. Quem sabe, poderás se lembrar daPessoa que estava ao seu ladoE que desprezaste; ou talvez de quemAchavas não haver reciprocidade,Mas na realidade o que faltava era aVerdade nas conversas mais íntimas. Ou talvez, quem sabe, poderás terCometido um erro bem maior,E agora, a cada dia, tu descobresQue a paixão não é amor. Também pode haver a possibilidade deO costume manter a relação,Ou os filhos, ou algo maior.E nessa hora, alguém pode dizerQue é exatamente isso que estáAcontecendo em sua vida. Porém, o tempo passou e nãoHá mais como desfazer.E

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Sentido da vida

Algo me diz de modo que penso,Refletindo toda transparência.De modo que faça cair feito pensamento,Todo o amor, ódio, desprezo e incoerência. Quando não houver mais direitos;Quando eles se disfarçarem de algo esplêndido.Quando os olhos realmente olharem,Nada mais será como um novo relento. Quando houver igualdade;Algo obsoleto feito convicção,O sentido virá como um espelhoE refletirá seu próprio caráter e tanta desunião. Regras passam despercebidasComo um simples vulcão em erupção.Ou então uma trágica e desonesta ordemQue só traz tormento, praga e desilusão. Quando houver análise dos fatosOu simplesmente, um olhar crítico e sensato.Transcorrerá assim incomensuravelmente,A revolução de um povo alienado. Quando os “loucos” tomarem a razãoQue simplesmente foram deles e não dos incertos.Quando houver a convexidade da raça,A sua concavidade disléxica achará um caminho correto. Propago sonho, plano e meta,Que é o destino que ousara chegar.Que briga ao pensamento de esquerdaAo qual se remete à incompetência, manobrar. Mas sem o criador não

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Se eu tivesse te encontrado antes

Se eu tivesse te encontrado antesTalvez seria, quem sabe, mais felizE à face noite, dias angustiantes,Teria à espreita do quarto um tom de giz. E às paredes traduziria os sentidos,Não com temor, nem com gritos,Mas sim com a ternura de teus olhosSobre os campos silvestres e garridos. Quem sabe, a dor peito dormiriaE sobre a devastação juntaria os pedaços,E à luz da madrugada que luzia,Juntar-lhe-ia as forças e os retalhos. E se não tivesse te encontrado antes,Talvez não poderia escrever este poema,Tampouco contaria aos passos de dilemaContidos na aurora atordoante. Tu és o fascínio do caminho,A presença que me afaga a tristeza.Tu és a detentora do carinhoQue, de mansinho, desmonta-me a frieza. Mas se partires no fim da ilusão…Oh! Meu amor, seria o fim.E dentre a menor da afliçãoApenas a morte sobraria em mim. Itacoatiara-AM, 26 de novembro de 2020.

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Suicídio

Minha voz emudecidaJá não tem forças pra gritar;Meu olhar distante, com murmúriosProibidos, outrora tão enrijecidos,Já não conseguem se firmar. E o horizonte sujo e escuroJá não traz a luz que há no fim,E nas paredes geladas do quarto,Em companhia solitária dos ratos,As feridas internas apodrecem em mim. O espelho reflete uma caveira sem vida,Sem expressão, sem dor, sem felicidade.E as pessoas que tumultuam o ambienteNem percebem que nos cantos há alguém,Mesmo que ocupando um espaço demente. As falas morosas, olhares carpidos,Fingem dar atenção à morte que chega.As sombras aparecem em volta de meu corpoE uma alma solitária conversa baixinhoA aproximar uma corda, um veneno, um grito. Nesse momento de espanto, os pulsos cortados,A vista escurecida, respiração ofegante…Sinto um anjo triste chorar nas escadas,E como consolo a dor obscura e desvairadaTraz o silêncio, o vento, aurora pensante. As mesmas pessoas se desesperamE a lágrima flutua na derradeira carta.Agora, com falas de

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Teatro das serpentes

Não seja capaz de enganarQuem não engana a si mesmo,Nem se autoengane ao acharQue na mentira existe meio termo. Não caminhe até o finalPara desistir no começo,Não prove o que ninguém sabe,Nem saiba mais que um terço Da situação que te levará à morteNa primeira palavra subsequente,A verdade incontestável e libertadoraÉ perseguida e jogada na larva ardente. Larva essa que consome o cérebroSuperficial que em nada se baseiaAlém do sofisma da cortina de fumaçaE das massas que rastejam à inveja, Bela serpente que fala ao ouvidoPalavras doces em raízes de sangue,Distopia perpétua em olhos errantes,Que derramam ódio disfarçado de romance. Itacoatiara-AM, 03 de junho de 2019.

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