Se eu tivesse te encontrado antes
Talvez seria, quem sabe, mais feliz
E à face noite, dias angustiantes,
Teria à espreita do quarto um tom de giz.
E às paredes traduziria os sentidos,
Não com temor, nem com gritos,
Mas sim com a ternura de teus olhos
Sobre os campos silvestres e garridos.
Quem sabe, a dor peito dormiria
E sobre a devastação juntaria os pedaços,
E à luz da madrugada que luzia,
Juntar-lhe-ia as forças e os retalhos.
E se não tivesse te encontrado antes,
Talvez não poderia escrever este poema,
Tampouco contaria aos passos de dilema
Contidos na aurora atordoante.
Tu és o fascínio do caminho,
A presença que me afaga a tristeza.
Tu és a detentora do carinho
Que, de mansinho, desmonta-me a frieza.
Mas se partires no fim da ilusão…
Oh! Meu amor, seria o fim.
E dentre a menor da aflição
Apenas a morte sobraria em mim.
Itacoatiara-AM, 26 de novembro de 2020.