Se eu morresse hoje,
A tristeza iria descansar,
Os sonhos evaporar-se-iam,
Meus versos vagariam
No esquecido e eterno lar.
Se eu morresse hoje,
Deixaria alguma dor em alguém,
Mas diria que as lágrimas
Não passam de poesias áridas,
Que eternizam um passo além.
Se eu morresse hoje,
Alguma luz pousaria no luar
E as estrelas diriam, calmamente:
Alguma vez na vida, eternamente,
Poderei finalmente descansar.
Se eu morresse hoje,
Não faria nada além do que faço,
Mas colocaria em uma carta
As direções exatas do mapa
Onde estaria agonizando no espaço.
Se eu morresse hoje,
Atravessaria todos os oceanos,
Iria ao túmulo de meus sentimentos,
Resgataria meu tempo, e diria
A quem me salvou: eu te amo.
Se eu morresse hoje,
Olhar-me-ia no incauto espelho,
Refletiria todos os meus atos
E pediria perdão pelos falhos,
Depois agradeceria ao esteio.
Se eu morresse hoje,
Esperaria até o doce dia
Para acordar em uma manhã,
Onde minha alma triste e afã
Trouxesse a derradeira melodia.
Se eu morresse hoje,
Poderia pedir que em meu caixão
Tivesse uma única e dócil imagem,
Que mostrasse o esboço da paragem:
A passagem da vida a outra estação.
Itacoatiara-AM, 19 de julho de 2019.