Se eu mostrasse tudo o que sinto
As palavras borrariam o papel,
De tanto sentir o que gosto já nem minto;
Se eu pudesse mostrar como é…
Se aquilo que faz sentido sumisse
Como o sol em poucos segundos
Não restariam flores sem espinhos,
Não restariam palavras sem insultos.
Se um dia eu chorar
A gota salgada da agonia,
Não se esqueça de enxugar
No chão o que restou da poesia.
Junte os cacos do espelho
E deixe refletir a cicatriz,
Olhe a sombra das angústias
Não se cruzarem por um triz.
Não se esqueça de mim
Quando o poço ficar raso
E as paredes deixarem sem saída
O que luzia no obscuro escasso.
Um dia conquistarei a tua vontade,
Derramarei em teus olhos meu mundo,
Descobrirás como o fim está distante,
Como a luz distante findada está em tudo.
Diante das confissões mentais
Façamos à psicologia a loucura do ser,
Loucura do poeta sem limites
À contagem regressiva de se autodescrever.
Quero mostrar-te como autocurar-se,
Mostrar que nem tudo é fácil assim,
Que tem pessoas terroristas de si,
E pessoas que têm a si o início e o fim.
No fim do túnel há o recomeço,
Não te deixarei flutuar no esquecimento,
Tu sabes que as pedras no caminho
Trarão à conquista um novo pensamento.
O vento bate nos ossos desgastados,
Nas insípidas cantigas sem sentimento,
Quando da essência foge um estrelas,
Ela imita o som do abismo e do sofrimento.
O invisível avista às preces o medo
E a ingratidão das flores sem cheiro,
A hipocrisia e ego dos inertes desejos
Trazem consequências do troco à culpa.
Estás vendo o arco-íris em pé à sua frente?
Estás flutuando no vulto do pseudo-horizonte?
Irás perceber tudo tão diferente à volta se vires,
Nesta estrada, o início desta ilha inacabada.
Itacoatiara-AM, 23 de janeiro de 2019.