Estás diante de meus olhos afãs
De olhar-te e nada poder fazer,
Chegou a hora do luar preencher a noite,
Do mar inundar o eufórico ser.

Estás a convidar-me para conhecer
O obscuro do hipnotismo lúcido,
O gosto do mel que deságua nas flores,
A límpida gota da chuva que deságua nas nuvens.

E quando o eco do agrado soou no horizonte,
Quando o suor adentrou no solo faminto,
Quando as vozes mudas do silêncio declamaram
O grito de um momento alçado no instinto.

Quando miragens transpassaram as estrelas,
Quando os campos desérticos colheram o amor,
As tardes tiveram um encontro com a madrugada
E originaram um dia nublado, cheio de vácuos escondidos.

Quando o espelho reverberou o esboço deste momento,
Quando milhões de pensamentos furtaram num segundo
O sentido que não é normal de se ter num século,
Estiveste pregada nos lençóis que protegem o veludo.

Estiveste na raiz que nasceu do apogeu de minha contra-agonia.

Itacoatiara-AM, 17 de fevereiro de 2019.

 
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