Em algum lugar do paraíso
Há uma parte de mim (escondida)
Sob a sombra das árvores,
Sob a luz das eternas flores,
Há retalhos da poesia esquecida.
Em algum lugar do paraíso
Caminhei ao acordar nesta manhã,
Na pluma da melancolia afã,
A beleza nas lágrimas do riso.
Caminhando sobre os anagramas,
Pairando sob a vertigem da eternidade,
No canto a ventania e a vaidade
Naufragando o arco-íris do sublime pranto.
Como se a agonia estivesse no manto
Do sentir que completa a verdade,
Os véus são os céus do acalanto,
Nos cantos, a pétala da ambiguidade.
Em algum lugar do paraíso
Há uma ilha com passagem ao horizonte,
Como uma floresta que, em suma, esconde
Uma trilha que induz a um invisível aviso:
Em algum lugar do paraíso
Há uma parte de mim (escondida)
Sob a sombra das árvores,
Sob a luz das eternas flores,
Há retalhos da poesia fenecida.
Fortaleza-CE, 29 de junho de 2019.