Esta poesia dedico a uma flor
Que conheci nas paragens da juventude,
Uma flor que deu sentido ao meu,
Que deixou ao ar um gosto amiúde.
A esta flor li alguns versos metonímicos,
Que realçaram em palavras o que sentia,
Seus olhos brilhavam como a esmeralda
E em sua escuridão perdi-me à primeira vista.
Sabes que és o que sempre pedi,
A mistura do deserto com a floresta,
Com o aço e o fervente colibri,
A tempestade e o doce sorrir.
As canções profundas a ela plantei,
Pus o amargo mel em seus lábios
Junto a um ósculo impetuoso,
Sua pureza guiava-me às profundezas.
Pude ver-te no horizonte de minh’alma,
Eras a metade de meu perdido céu,
E a chuva a cada dia te dava mais beleza,
Sou um invisível beija-flor conquistando-te.
Estiveste dentro de meus profundos versos,
Teu abraço é a pluma que permeia os campos,
Teus toques são como a neve na ventania,
E teu solstício é o auge do glorioso pranto.
Sentir que estás aqui é o que me guia,
Meu ímpeto cata-vento encontra tua ventania,
A agonia desaparece com seu olhar,
E o futuro se realiza nesse presente que és.
A melancolia de teus passos límpidos
Ajudam-me a viver em dias cataclísmicos,
És o vapor que me leva ao ápice das nuvens,
E acima dela tu és meu sol e meu oxigênio.
Esta poesia dedico a uma flor,
Sem ti nada vale a pena senão a morte,
A esta flor faço alguns versos hiperbólicos,
Psicodélicos, a ela plantarei meu destino.
És a aurora e o silêncio de meu oceano.
Jericoacoara-CE, 30 de junho de 2019.