A dor do esquecimento

Quem irá vestir-me no dia derradeiro?
No meu leito solitário, apenas
Consigo ver minha mãe a chorar,
Alguns olhos inundados em falsidade
E algum sujeito a ignorar.

Quem irá recitar minha partida
Com o poema mais profundo?
Quem irá jogar flores perfumadas
Com a saudade mais atormentada
Da amizade sincera do mundo?

Será que a morte virá mais cedo?
Agora? Quando estiver criando
Os versos da juventude inesperada?
Será que farei falta a alguém?
Será que o vazio preencherá a morada?

Quem visitará meu túmulo perdido?
Quem irá lembrar como o vento
Dos dias em que estive vivo?
Ah! Nem por um momento
Consigo pensar em ser esquecido.

Haverá alguém a ler meus versos?
Haverá filho a chorar na noite
Para estrela a brilhar no céu?
Haverá uma esposa a cair no silêncio
Ao lembrar-se do límpido véu?

Será que terão boas lembranças?
Será que a vida não é só uma ilusão
Que é esquecida após uma semana?
Haverá alguém a guardar-me no coração
Como a pureza da mais bela criança?

Oh Deus! Apenas tua piedade para me acalmar.

Itacoatiara-AM, 08 de agosto de 2020.

 
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