Poemas Póstumos De Um Poeta Vivo

Poemas Póstumos De Um Poeta Vivo é um livro de poesias que evoca um lado muito profundo dentro do objeto de escrita do autor.

Trata-se de um momento reflexivo onde o mesmo indagou-se que, se por um acaso morresse hoje, o que deixaria de bom para a sociedade, se suas obras impactariam dali adiante, se iria ser esquecido ou não, ou se sua obra seria atemporal para sobreviver nos séculos futuros.

Nesse livro você irá encontrar:

  • Temas polêmicos sendo abordados de maneira implícita ou explícita para não chocar (ironia):
  • Relações com a realidade encontrada no ano que já passou, bem como algumas críticas das ações desproporcionais e tirânicas de alguns;
  • Reflexões sobre temas sensíveis como depressão e suicídio, algo que também aumentou ano passado;
  • Relação entre o ser humano e a própria alma, visto que muitos passaram a conhecer-se depois do isolamento feito à força;
  • Exposição clara de sentimentos, sem a falsa impressão de que o mesmo seja forçado.

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Capítulos

O arquétipo da escuridão

A escuridão é ecoada por algunsComo um vagalume de medo,Um universo de sombras que moveO suspiro de um angustiado segredo. O segredo, famigerado e sombrio,Mascarado com uma válvula de abismo;Imbróglio de gotas escondidas no submundo,No assombroso e lento soar do delírio. Não tenha medo da escuridão,É ela quem te acompanha ao anoitecer;Às vezes todos insistem em temê-la,Sua beleza refrigera o silêncio do ser. É na escuridão que os versos nascem,Sua melancolia a abraça, e a faz sorrir;Sua lágrima banha os olhos de quem a vêE seu perfume alcança os céus, dentro de si. É na escuridão que a morte se encontra,Debaixo das raízes, rocha de fogo;Seu arquétipo é solitário como a varandaDo castelo que desmancha seu gosto. Não tenha medo da escuridão,É ela quem reflete seu sentir,Inspira a poesia das pinturas e auroras;Devasta em seu arquétipo, o fim. Como seu toque é suave.Como sua companhia, nas sombras,Traz a angústia da

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O último poema que restou

As aves vagueiam pelo pútrido ar lentamenteE o pobre homem, com o cigarro apagado,Olha para a névoa do bar obscuro e vazio;Um velho amigo o olhava quase perplexo,Quase a banhar-se em seu outro desvario:“Por que não põe a proteção em teu rosto?”Disse em tom ameaçador, quase a chorar,Sem nem ao menos perceber que seu rosto jáNão existia mais como nos tempos antigos. O dia não parecia clarear, as pessoas andavamQuase sem alma, sem sentido, sem emoção…Movimentos computadorizados, medrosos;Parecia que não podiam desabafar, e umSimples aperto de mão parecia de outro mundoJunto com as vozes mudas e carcomidas, semExpectativa, sem horizonte; bastava o choroDas crianças, o grito dos pássaros, o tom áridoDas rochas frias a sombrear a rua sem vida. O filho chamava por vezes seu amado pai,Mas o pai já não existia, banhado da securaDa fome extrema e desgraça que abateraOs seres mais inexistentes a olho nu;As avenidas, antes cheias

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Os sentidos das rosas

Se todas as rosas tivessem teu cheiroTodo perfume do mundo as rodeariaE as encheria como um infinito trevoDa mais formosa e sublime energia. Se todas as rosas tivessem teu beijoTalvez não murchassem diante do sol,Talvez não vivessem frágeis e encolhidasA cada tempestade que as mata sem dó. Se todas as rosas tivessem teus olhosTalvez não precisassem temer o horizonte,Talvez diante do espelho ficariam mais belasPara encantar cada calma e singela fonte. Se todas as rosas ouvissem tua vozCertamente sonhariam com a belezaDe um cântico abrupto que rodeia o nóDe tua célebre e invisível pureza. Se todas as rosas tivessem teu melCertamente eu as furtaria dos camposE em sumo de minha ilusão cruelBastaria teu toque para cessar o pranto. Itacoatiara-AM, 27 de agosto de 2020.

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Pandemia do medo

Há uma força que transcende,E dessa força, a ilusão ou a realidade;O universo caminha à trilha que o prende,O que lhe é dito não é nem a metade. O medo é a arma mais potente,Cria um personagem ou um espantalho;Cria um mundo onde tudo é colorido,Tudo é para o bem, tudo é sagrado. Mas o que não é dito nos jornaisÉ que o que está sendo consagrado é imoral.Há alguém acordado e ao falar aos demaisÉ louco, conspirador, um animal. Tudo tem que vir da base estatal,Tudo é posto na mesa, na televisão, na mente;Dias de escravidão disfarçada de segurança,Campo de concentração em hospital. Dias passarão e decidirão quem é doente,Irão em sua casa e ninguém mais o verá;A máscara da covardia é cortina de fumaça.Como gado, muitos nem questionam, por que será? Chega de servidão aos senhores das sombras,Chega de autoritarismos, governo mundial.“Guerra é paz, liberdade é escravidão,Ignorância é

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Poema de ano novo

Quero que minha nova versãoSeja mais intensa que esta,Que o ar nos pulmões se intensifiqueE que minha ilusão não me impeçaDe correr ainda mais para frente. Quero que esta versão não imiteA limitação de almas doentias,Almas que se escondem nos cantosCom medo de algo, que de fato existe,Mas deveria nos unir ainda mais. Quero que a nova versão seja mais viva,Mais humana, menos subserviente ao incolor;Quero sentir o cheiro das flores, as gotasDa chuva; quero ver a cor gélida das rosas,Quero ver o pôr do sol, as nuvens sem pudor. Quero abraçar quem amo, até quem detesto…Mas quero viver, quero liberdade, quero ser gente;Quero sorrir, quero contar as estrelas no céu,Quero viajar a lugares que nem sequer existem…Mas quero sonhar novamente em dias melhores. Quero flutuar em meus próprios versos,Quero ver as estradas, as montanhas, as rochas,Os rios, as praias pastosas, os campos de areia;Até quero ver, quem sabe, os

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Poema de natal

Como uma névoa que paira no espaçoJunto a uma estrela que brilha no céu,Junto ao pinheiro que denota o cansaçoDos homens que se encontram sob o véu. O faminto trilho sobre as nuvensMostram o espelho doente do mundo,E sobre a mesa o pobre meninoRecita seus poemas em verso mudo. Nesta época sem ventos seguros,Os costumes que outrora revestiamO coração da humanidade em tudo,Podem tornar-se símbolo do fim. O abraço da mãe emocionadaNão pode ser tão distante…O beijo da mulher amadaNão pode tornar-se infame. Nas salas obscuras da ceia,As luzes natalinas encantamOs resquícios de vidas libertasNo presépio de augusta esperança. Não deixemos que destruam os sonhos,Não deixemos que nos matem em vida,Que nos prendam em nossos laresE nos digam qual aurora é florida. Não deixemos de ver a luz do sol,Não deixemos de respirar intensamentePelo medo construído pelas ímpias mãosQue querem iludir a fraca mente. Não deixemos que tomem nossas escolhas,Que

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Se um dia o amor chegar

Se em um dia de verão qualquer, quem sabe,Tu estiveres desacreditando do amorE no mesmo momento uma lágrima do céu cairEm direção à tua face descrente e desanimada,Não se descuide de olhar paraO lado imediatamente, pois o reflexoDo passado pode te trazer lembranças. E nesse momento tu podesLembrar-se de alguém,Ou de uma amizade que se acabouE poderia ter sido algo mais. Quem sabe, poderás se lembrar daPessoa que estava ao seu ladoE que desprezaste; ou talvez de quemAchavas não haver reciprocidade,Mas na realidade o que faltava era aVerdade nas conversas mais íntimas. Ou talvez, quem sabe, poderás terCometido um erro bem maior,E agora, a cada dia, tu descobresQue a paixão não é amor. Também pode haver a possibilidade deO costume manter a relação,Ou os filhos, ou algo maior.E nessa hora, alguém pode dizerQue é exatamente isso que estáAcontecendo em sua vida. Porém, o tempo passou e nãoHá mais como desfazer.E

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Se eu tivesse te encontrado antes

Se eu tivesse te encontrado antesTalvez seria, quem sabe, mais felizE à face noite, dias angustiantes,Teria à espreita do quarto um tom de giz. E às paredes traduziria os sentidos,Não com temor, nem com gritos,Mas sim com a ternura de teus olhosSobre os campos silvestres e garridos. Quem sabe, a dor peito dormiriaE sobre a devastação juntaria os pedaços,E à luz da madrugada que luzia,Juntar-lhe-ia as forças e os retalhos. E se não tivesse te encontrado antes,Talvez não poderia escrever este poema,Tampouco contaria aos passos de dilemaContidos na aurora atordoante. Tu és o fascínio do caminho,A presença que me afaga a tristeza.Tu és a detentora do carinhoQue, de mansinho, desmonta-me a frieza. Mas se partires no fim da ilusão…Oh! Meu amor, seria o fim.E dentre a menor da afliçãoApenas a morte sobraria em mim. Itacoatiara-AM, 26 de novembro de 2020.

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Sobre escrever

Escrevo sobre a morte,Não pelo medo de morrer,Mas pela lembrança do que não passouE pela eternidade que hei de ver. Escrevo sobre a vida,Não porque vivo, mas porque sou real;Escrevo sobre o que vejo, sobre tudo,Mas porque tenho a certeza que não sou nada. Escrevo sobre amor, sobre a guerra,Sobre os conflitos internos de um louco;Escrevo com intensidade, mas sem deixarFaltar verdade até nos versos poucos. Escrevo a filosofia do irracional,A inteligência que rasteja no ignoranteE os mútuos emblemas do universoQue se reconstroem a cada fonte. Escrevo sobre o que não existe,Não por imaginação, mas por hipótese:Aquela onde o inverso reproduz a menteE a mente, por si só, não se destrói. Escrevo sobre a solidão, mas sim,Porque o lado solitário está em mim;Sou fruto da poesia feita na noite,Na madrugada, no suicídio dos versos. Não sou nada além do que escrevo,Pois se sou aquilo que invento,Não passo de uma fraude

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Soneto à amada

Há um compasso sobre o prantoQue reverbera todo o sentirE de repente transborda o fingirEscondido sobre a poeira do canto. Vou navegando sobre o mantoDas vestes deste frágil sentirE quando à sua beleza ouvirPoderei descansar no acalanto. Pois quando à espreita da janelaPosso ver suas curvas na cruzadaDe meu consciente adormecido. Sinto que sua voz doce e belaGuia-me pela inteira moradaOnde vive o sonho pervencido. Itacoatiara-AM, 21 de junho de 2020.

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