Deixo a vida como deixo o sono
E sobre os percalços da aurora
Vou seguindo para o lado outrora
Onde estive calcado no engano.
Quanto ao tédio, anseio de estória,
Posso alimentá-lo com o fim
Deste enigma que paira sobre mim
E devora todos planos, a história.
Deixo este mundo como louco
E desse adeus metafísico
Esboço meu verso franco.
Quando mais este leve e rouco
Soar do peito quase físico
Este abismo de hipérbato branco.
Itacoatiara-AM, 21 de junho de 2020.