Se a tenho nada mais posso sentir,
Pois a lírica dor torna-se fraca
Diante desta força firme e opaca
Que transpassa o ilusório existir.
Se a tenho nada mais me entristece,
Pois sua presença preenche meu medo
E como um transcendente enredo
Devora-me como à morte padece.
Se a tenho meu sonho é real
Como a nuvem que traz a chuva
E transborda o ser em espiral.
Se a tenho não há nenhum mal,
Nem mesmo a maior das dúvidas:
Será ela de um plano carnal?
Itacoatiara-AM, 21 de junho de 2020.