Quando a vejo partir na tarde
É como se o tempo parasse
E ao seu delírio a frieza soass
Em tons de misterioso alarde.
Quando a prole, canto covarde,
Inunda quase como se falasse,
A língua se há dias não cantasse,
Não temeriam este fogo que arde.
E assim eu poderia chorar
Como a criança que navega
Por entre as cinzas do ar.
E como andorinha cega
Poderia finalmente partir
Pelo vale que a tristeza rega.
Itacoatiara-AM, 22 de junho de 2020.