Ah, morte! Venha a mim em um dia frio
Onde eu esteja com saudade de alguém,
Onde eu escreva triste para contar ao além
Que não mais vejo meu reflexo no rio.
Ah, morte! Ao menos venha gentil
E me lembre que ainda fui alguém,
E que por mais que pudesse ir além
Não mais sentia prazer servil.
Ah, morte! Ao menos me lembre
Que as palavras ainda têm poder
E que com elas posso repetir tudo.
Ah, morte! Ao menos tente
Que este diminuto e frio ser
Ainda possa ter seu airoso escudo.
Itacoatiara-AM, 20 de junho de 2020.