A escuridão é ecoada por alguns
Como um vagalume de medo,
Um universo de sombras que move
O suspiro de um angustiado segredo.
O segredo, famigerado e sombrio,
Mascarado com uma válvula de abismo;
Imbróglio de gotas escondidas no submundo,
No assombroso e lento soar do delírio.
Não tenha medo da escuridão,
É ela quem te acompanha ao anoitecer;
Às vezes todos insistem em temê-la,
Sua beleza refrigera o silêncio do ser.
É na escuridão que os versos nascem,
Sua melancolia a abraça, e a faz sorrir;
Sua lágrima banha os olhos de quem a vê
E seu perfume alcança os céus, dentro de si.
É na escuridão que a morte se encontra,
Debaixo das raízes, rocha de fogo;
Seu arquétipo é solitário como a varanda
Do castelo que desmancha seu gosto.
Não tenha medo da escuridão,
É ela quem reflete seu sentir,
Inspira a poesia das pinturas e auroras;
Devasta em seu arquétipo, o fim.
Como seu toque é suave.
Como sua companhia, nas sombras,
Traz a angústia da alma,
E a transporta à ilha das lembranças.
Seu arquétipo é ínfimo, porém profundo;
Não tenha medo da escuridão,
Pois ela observa a mais íntima dor
E a regenera, como uma constelação.
Itacoatiara-AM, 19 de maio de 2020.