A tristeza enferrujada

Vejo a sombra da pálida noite
Com o triste e carpido olhar
Cuja vontade de viver feliz
Desmoronou sobre o ar.

Não me viera tanta dor noutros tempos
Quando o frio não me batera na espinha
Com o arrepio de tristeza no vento…
Como não esqueço das noites minhas!

Oh! Alegre e impávido silêncio
Que preencheu-se da dor infinita,
Como não me era tão doloroso
Até nas mais graves feridas?

Oh! Que aperto de agonia intensa
Que enluta meu amargo peito,
Como não vieste na flor densa
Que perfumava o que me era perfeito?

Não me batera tanta saudade
Da infância em momentos tardis,
Pois que me era vaga lembrança,
Mas não preenchera os tempos de criança.

Como me ergues, tempos antigos?
Pois se de ti era a real felicidade
Como esta máscara covarde da agonia
Insiste em ser a outra metade?

O sorriso enferrujado e opaco
Já não reflete no espelho da alma,
Cada vez mais triste e fraco…
Oh! Só a morte me dá calma.

Itacoatiara-AM, 17 de agosto de 2020.

 
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