Amanhecia em Lisboa, uma manhã chuvosa e fria. Em todos os veículos de comunicação noticiava-se um fato que ocorreu perto de uma montanha a alguns quilômetros da capital.

Tinha-se o relato de três jovens que afirmavam com toda a certeza que moravam em uma ilha amaldiçoada, onde todos os habitantes eram presos por meio de uma maldição secular que passava de geração para geração. Não se sabe ao certo como estes jovens foram parar ali.

Sabe-se que um grupo de pescadores em um barco conseguiu avistar os jovens, que imploravam ajuda. O grupo de pescadores ouviu a história contada por eles, do início ao fim. Suspeitam que a embarcação onde os mesmos se encontravam naufragou e, por passarem muitos dias ali, perderam a noção da realidade.

Decerto, tudo fora bastante interessante. O que você verá a seguir é uma história narrada do que foi contado por José, e confirmado por Mariana e Ágata, quem o acompanhava.

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Capítulos

Capítulo X

Um suspiro entrelaçou-se de seus ombros e novamente a escuridão, sua companheira de outrora, deu vida a mais um pesadelo. Anton estava naquela sala obscura, tocando seu piano, e com um sorriso nos lábios estava Ágata, apaixonada com a bela música. Ao perceber que José estava ali, deu uma gargalhada. Com a entonação diferente, disse:— O que vieste fazer aqui? Salvar-me? Ah, mas agora serei noiva de Anton!Sem nada entender, José assustou-se e com um estranhamento, logo disse-lhe em um tom duvidoso:— Como? O que você disse?Com um sorriso macabro Anton mais uma vez com sua voz grave, disse:— Ela está sob meu comando agora, logo será minha!Gritos tortuosos atravessaram sua mente, impetrante com a agonia. Isto lhe incomodou piamente, e no universo de confusões atirou-se, dando espaço, até mesmo para o pouco de razão que ali estava. Ó, Senhor! Afaste o malPresente neste engano eterno,Nestes dias entregues à destruição,Neste

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Capítulo XI

A porta entreaberta deixava um feixe de luz esboçando uma pequena janela. Lentamente, José a abriu, rangia de tão antiga. Sobre a cama, uma mulher com suas vestes sujas e destroçadas; estava acorrentada, e seus cabelos extremamente longos cobriam seu rosto.A cada passo, um suspiro. Ele tentou chamar atenção da mulher, mas não acordava. Leves toques foram dados, e um susto foi presente.— Quem é você? — perguntou a mulher. Ela era bem idosa, seu rosto era tomado por cicatrizes, era cega de um dos olhos e dos dentes só sobraram cinco.— O que aconteceu com a senhora? — perguntou José.— Ele me mantém prisioneira há cinquenta anos, desde que eu tinha exatos vinte anos de idade. Desde lá nunca consegui sair daqui.— Mas por que ele ainda lhe mantém presa aqui?— Eu quase o derrotei, deixei-o fraco, quase saí de Diamantina. Você não pode estar aqui, veja o que

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Capítulo XII

Amanheceu, tudo parecia normal. Estava frio, Mariana levantou-se da cama e olhou pela janela (como de costume), foi ver seu irmão. Percebeu que ele não voltara, tentou reanimá-lo, mas nenhum resultado. Não perdeu tempo, e rapidamente correu até a árvore, correndo chegou até a casa de madeira.Ao chegar lá, gritou por Adoniran.— O que houve, filha?— Aconteceu algo muito sério!— Diga-me! — respondeu Adoniran, preocupado.— José está inanimado desde ontem, creio que apenas seu corpo está aqui, não sei como isto foi acontecer.— Projeção astral, já li algo sobre isso, mas nunca presenciei. Uma barreira foi criada e não posso voltar à ilha, não sei como lhe ajudar.— Mas o senhor não tem ideia de como posso encontrá-lo?Estevão, seu pai, saiu por detrás das árvores, e preocupado, disse:— Filha, você está aqui! (Abraçou-a). Como que isso aconteceu com José?— Não sei como, nós estávamos abatidos por aquilo que aconteceu com

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Capítulo XIII

Isabel sentira um pouco de medo, mas lembrouse que seus pais não foram covardes e lutaram até o fim.— Sim, temos que tentar fazer algo! — respondeu Isabel, um tanto confiante no plano que estava a se traçar.— Lembre-se que meu irmão está preso em algum lugar do submundo. Acredito que Anton esteja ocupado com ele.— Temos que ter cuidado com as almas perdidas, basta não olharmos fixamente em seus olhos.Suspiraram em concentração e saíram pela porta da casa. Ao caminharem, sentiram que o chão parecia se formar com ossos apodrecidos. A pequena igreja estava com a porta entreaberta, mas aparentemente apenas tinha uma grande mesa em uma sala.— E agora? O que pode significar esta mesa aqui? Não era para ser uma igreja? — questionou Mariana.— Sim, isso que todos da vila perguntaram, mas nós nunca tínhamos a real noção de onde isso poderia nos levar.— Como que iremos

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Capítulo XIV

Ao chegarem à caverna, perceberam que em seu fim havia uma névoa que cobria todo o caminho.— E agora? O que pode ter ali do outro lado? — perguntou Mariana.— Eu acredito que seja o castelo de Anton.Caminharam em passos lentos, porém atentos. Os gritos de murmúrios ainda podiam ser ouvidos. Conseguiram chegar ao fim da caverna, e quando a névoa parecia lhes engolir, puderam ver um pouco longe o castelo de Anton.— Ali está o castelo de Anton, eu acho que já sonhei com esse lugar. — disse Mariana.Quando Mariana olhou para trás, ninguém mais estava lá. Isabel tinha sumido.— O que foi isso? — pensou Mariana muito assustada.Uma frase surgiu na mente de Mariana, frase esta que dizia em um grito: VOCÊ ESTÁ PRÓXIMA À REALIDADE — Só pôde ter sido ilusão. — Pensou. O castelo continuava no horizonte, quase coberto com a névoa apavorante que se formava

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Capítulo XV

DIA I: Hoje eu consegui capturar uma menina muito linda, é bem branquinha e com certeza aquele namorado dela vai procurá-la, e eu já o pego. Hoje não vou fazer nada com ela, apenas deixá-la presa no porão deste castelo. Que cheiro bom ela tem! DIA II: Hoje eu fui mais duro com ela, manipulei suas emoções, mostrei seu namoradinho morto. Foi legal ver o rosto dela abatido, gosto do sofrimento.Logo poderei plantar nela minha semente. DIA III: Hoje eu consegui capturar o namoradinho dela. Foi muito prazeroso enchê-lo de ilusão. O melhor foi vê-lo pensar que poderia me enganar ao entrar em meu quarto sem que eu soubesse. Ah! Eu sei de tudo. Eu vejo tudo! Quando Mariana terminou de ler o terceiro dia, ouviu um passo forte subindo as escadas. Saiu imediatamente do quarto de Anton e voltou ao quarto de onde tivera chegado antes. Deixou um espaço

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Capítulo XVI

— Como vamos conseguir o diário de Anton? — perguntou José.— Adoniran me disse em um sonho que devemos arrancar a última folha do diário que contém o nome de Anton, mas somente uma pessoa pode fazer isso, somente uma pessoa tem poder para isso. Quando a pessoa arrancar a página com o nome, deve citar esse verso. A luz é maior que a escuridão E o horizonte pode ser visto. — Que coisa louca. Lógico que a pessoa escolhida é a Isabel. — disse Mariana.— Talvez não, Adoniran disse que seria a pessoa menos provável.— Eu que não sou. — Afirmou José.De repente, a porta da prisão se abriu. Isabel reapareceu, e disse:— Não podemos perder tempo. Anton está dormindo e eu consegui pegar a chave dessa prisão.José e Ágata levantaram-se rapidamente. Isabel conseguiu um acesso para o lado de fora da casa com uma porta invisível que tinha

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Capítulo XVII

— Veja que engraçado, a menina prometida acha que vai vencer alguém muito superior. — disse Anton com superioridade.Ágata, com extrema confiança, respondeu:— Tem certeza, Moloch?Nesse momento os olhos de Anton se arregalaram.— Co…co…como você sabe?Antes que tudo desse errado, Ágata não perdeu tempo e fez recitou logo os versos. A luz é maior que a escuridão E o horizonte pode ser visto.Volte para inferno, ser da ilusão.Moloch, expulso-te deste lugar,Volte para as cinzas do esquecimento! Quando todos pensavam que nada aconteceria, uma tempestade chegou e levou Anton para as profundezas do oceano. Uma intensa luz brilhou nos céus. As crianças, antes ensanguentadas, agora vestiam-se de branco com uma luz.Todas as almas subiram lentamente por cima das nuvens, a realidade realmente pudera ser desfrutada.Mas não restou absolutamente ninguém na cidade. — Será que podemos sair daqui para o mundo real? — disse com a voz um pouco cansada, Ágata.— Acho

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Epílogo

Ao término da entrevista, havia um senhor de barba grisalha, cabelos bem brancos, que aparentava ter seus setenta anos. Parecia cansado e queria falar com os jovens.— Jovens, eu ouvi a história de vocês, e gostaria de ajudá-los trazendo-os para minha casa. Eu também já conheci Diamantina.— Sério? Como o senhor conseguiu sair de lá!? — perguntou José.— Eu era amigo do avô de Adoniran, estudávamos juntos e ficamos sabendo da maldição muito cedo. Com muito esforço consegui me livrar de Anton.— Como o senhor conseguiu? — perguntou Mariana.— Não entendi muito bem, mas essa ilha tem um vínculo muito grande com a cidade de Lisboa. Tive a sorte de achar a passagem secreta para o mundo real no porão de minha casa. Talvez eu tenha alguma das habilidades de Isabel.O simpático velho os convenceu a morar em sua casa, era como se fosse uma adoção, e estava tudo amparado

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