Ao término da entrevista, havia um senhor de barba grisalha, cabelos bem brancos, que aparentava ter seus setenta anos. Parecia cansado e queria falar com os jovens.
— Jovens, eu ouvi a história de vocês, e gostaria de ajudá-los trazendo-os para minha casa. Eu também já conheci Diamantina.
— Sério? Como o senhor conseguiu sair de lá!? — perguntou José.
— Eu era amigo do avô de Adoniran, estudávamos juntos e ficamos sabendo da maldição muito cedo. Com muito esforço consegui me livrar de Anton.
— Como o senhor conseguiu? — perguntou Mariana.
— Não entendi muito bem, mas essa ilha tem um vínculo muito grande com a cidade de Lisboa. Tive a sorte de achar a passagem secreta para o mundo real no porão de minha casa. Talvez eu tenha alguma das habilidades de Isabel.
O simpático velho os convenceu a morar em sua casa, era como se fosse uma adoção, e estava tudo amparado na lei. Os olhos dos jovens brilhavam ao verem tantos prédios, tanta luz, tantas informações, tantas lojas. Não tinham nenhum dos documentos.
O carro do velho era luxuoso por dentro. Quando nem sequer os jovens se deram conta, estavam em uma parte desértica de Lisboa, local onde tinha-se contato com a vasta floresta, tratava-se de uma propriedade gigantesca do velho desconhecido, que nem sequer disse seu nome. Era misterioso.
Os olhos em êxtase foram corrompidos, estavam maravilhados com que o mundo real podia oferecer.
— Sempre esperei o momento de ajudar alguém que conseguisse se livrar de Diamantina. Ainda sinto a felicidade do dia em consegui sair daquele lugar maldito. — disse José.
— Ainda bem que conseguimos. — Ágata e Mariana responderam ao mesmo tempo.
Mais algumas trilhas foram passadas e já estava à vista o casarão do velho homem. Era uma casa luxuosa, parecia um palácio com uma arquitetura gótica; algumas esculturas rodeavam a calçada e um campo imenso. Uns homens de terno elegante abriram a porta para os jovens que, maravilhados, achavam que aquilo era um sonho.
Cinco degraus de uma escada gótica e uma imensa porta de madeira era o que os separava de uma nova vida. Quando a porta fora aberta, para a surpresa de todos, a casa era idêntica ao palácio de Anton. Para piorar, havia a escultura de um bode sombrio e quase oculto na parede…
Todos se entreolharam e um clima sombrio se apossou do lugar. Afinal: era mesmo realidade?