Ao chegarem à caverna, perceberam que em seu fim havia uma névoa que cobria todo o caminho.
— E agora? O que pode ter ali do outro lado? — perguntou Mariana.
— Eu acredito que seja o castelo de Anton.
Caminharam em passos lentos, porém atentos. Os gritos de murmúrios ainda podiam ser ouvidos. Conseguiram chegar ao fim da caverna, e quando a névoa parecia lhes engolir, puderam ver um pouco longe o castelo de Anton.
— Ali está o castelo de Anton, eu acho que já sonhei com esse lugar. — disse Mariana.
Quando Mariana olhou para trás, ninguém mais estava lá. Isabel tinha sumido.
— O que foi isso? — pensou Mariana muito assustada.
Uma frase surgiu na mente de Mariana, frase esta que dizia em um grito:

VOCÊ ESTÁ PRÓXIMA À REALIDADE

— Só pôde ter sido ilusão. — Pensou.

O castelo continuava no horizonte, quase coberto com a névoa apavorante que se formava no ar, a imagem da garotinha na cabeça lhe dava forças para continuar.
— Tenho que ter cuidado para Anton não me ver, acho que José já tinha me descrito este lugar…
Mariana sentia um grande receio de tudo, mas continuou a andar. Por algum motivo, aquela era a parte de trás do castelo, lugar onde dava para ver o porão.
Muitas almas vagavam ali, mas Mariana não olhou fixamente a nenhuma. Aproximou-se ainda mais do castelo.
Com a certeza de que era o castelo de Anton, pois nada ali era coincidência, Mariana viu que tinha uma pequena janela ali perto e ficou curiosa. Deitou-se no chão e até na altura dos olhos, observou o que tinha dentro da janela.
Foi quando viu José e Ágata naquela imensa cela. Ágata parecia estar em estado vegetativo e José estava muito abalado. Mariana tentou chamar a atenção dos dois ao bater levemente no vidro.
Percebendo que passos fortes desciam até o porão, Mariana escondeu-se ainda mais ali. Vira aquele homem em forma de bode, lembrou e teve certeza de que era Anton. Ele os chicoteava com toda sua força, as crianças ensanguentadas dançavam balé e o som do violino desafinado destoava aos ouvidos.
Um detalhe muito perturbador para Mariana: Isabel era uma daquelas crianças e Anton a pegava no colo, parecia a favorita dele. A menina tinha um semblante depressivo, assim como todas as crianças.
Horrorizada, Mariana caminhou para trás, sem acreditar em nada daquilo.
— Como faço para resgatá-los? — pensou Mariana.
Foi quando avistou que uma pequena porta estava entreaberta um pouco ao lado da janela, mas que estava coberta da névoa. Mariana questionou-se, mas por curiosidade, entrou na porta.
Ao entrar, tudo que estava atrás sumiu instantaneamente. Parecia estar diante de um alçapão. “Todo alçapão tem um início”, imaginou quase que automaticamente. Havia muito sangue ali, aquilo devia ter uns doze metros ou mais.
Havia também uma corda espalhada nas paredes, como se servisse para alguém subir. Nos cantos da parede, um retalho da roupa de José confirmava a ela que o mesmo já esteve ali. Mariana subiu com muito medo, mas certa que estava próxima de seu irmão.
O coração batia ainda mais forte quando chegava próximo ao início daquilo tudo. A névoa ainda insistia em estar ali. Conseguiu ultrapassar a porta, no início, e deparou-se apenas com um quarto antigo, uma cama e uma janela.
— O que significa este quarto? — indagou a si mesma.
Percebeu que havia um corredor estreito que levava a algum lugar. Com muito cuidado e atenção, caminhou para ver o que era, deparou-se com outra porta. Ao abri-la, uma escada feita com corpos humanos e aquele violino desafinado reverberando seu macabro som.
“Eles devem estar lá embaixo”, pensou Mariana, sem nem saber o que fazer.
Ela então pensou em conhecer o castelo enquanto Anton estava lá embaixo. Decidiu primeiramente subir as escadas sem fazer barulho algum. Mas, para sua surpresa, estava no último andar, no quarto de Anton.
Aqueles espelhos macabros mostravam crianças mortas atrás da pessoa, apenas mais uma de suas ilusões. No cômodo ao lado da cama de Anton, tinha um diário. O nome do diário era ‘Minha Revolução’, como subtítulo, era escrito: Meus dias de sangue.
As letras eram feitas com sangue, tinham inúmeras páginas, as mesmas eram feitas com a pele de algum animal. Ao tocar no diário, Mariana sentiuse mal, quase sem respirar. Isso até criar coragem de abrir a primeira página, que dizia:

ESTE É MEU DIÁRIO PREFERIDO, POIS IREI
DETALHAR O QUE FAÇO COM JOSÉ E ÁGATA

— Meu Deus, é muito perigoso eu estar com isso em mãos, não sei se vou conseguir ler, mas vou tentar.

 
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