O título deste livro é bem sugestivo (tirado de uma poesia minha), alguém pode achar que tem algo a ver com a música da Legião Urbana chamada ‘Metal Contra as Nuvens’, mas não, são contextos diferentes.

Costumo pensar que cada verso meu é um desabafo, e que todo amadurecimento é registrado quando mais emoções podem ser sentidas nas palavras, quando você vê uma evolução.Basicamente, em linhas curtas, esse livro vai abordar quase os mesmos temas dos outros, mas está com um “molho” a mais: um ultrassentimentalismo.

Daí vem o subtítulo: Poesias que irão desconsertar teus íntimos sentimentos. Você não pode ler a poesia ‘O Verdadeiro Amor’ sem se emocionar; ‘Quando As Lágrimas Transbordam’ também é outra poesia que irá te tocar bastante, não irei citar todas as poesias expostas a seguir, mas é um estímulo para o leitor.

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Capítulos

Sem ti

Sem ti, meus olhos cegam,Minha mente esvazia em lágrimas,A ternura se esconde no vazioE rega a dor da triste madrugada. A tempestade deságua em si mesma,Os raios se esbarram e formam o dia,As flores sangram no escuro luarE aprisionam o ardor da melancolia. O arrebol acompanha as horas,Que nem me deixam dormir;Sinto o silêncio me ensurdecerCom a saudade do que nem vivi. Traga-me de volta os doces anseios,Até a angústia de às vezes não sorrir,Pois as correntes que semeiam o medoSão bem mais frágeis que o de viver sem ti. Itacoatiara-AM, 05 de agosto de 2019.

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Soneto ao eufemismo

Como tentas reconstruir-se me póNesta subserviência à escravidão?Como ousas magoar sua ilusão,Deixando-a nos cantos, só? Tu és o que apetece minh’alma,Mesmo estando distante;Entrego-te a raiz dilacerante:A verdade, mesmo em calma. És tu quem me fortalece,Deixe-me no labirinto do pensamentoE furta-me o tímido oxigênio. Faz-me sentir-me um gênioQuando de teus lábios soa sentimento,Mesmo que seja um eufemismo à prece. Itacoatiara-AM, 01 de outubro de 2019.

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Soneto da angústia

Encontro-me na estrela do sentir,Revisto-me da aurora de sangue;Dentre matas, deserto e manguePerco-me no teu incauto sorrir. Vejo-te mais perto, porvirDiante do meu sonho distante;Dentre o mar e o rio dançanteDespeço-me, aos prantos, de ti. Minha aurora já não tem cor,E o cheiro da rosa que brilha,De angústia, em soluço, acabou. Ah! Diga-me que este mísero amorAinda, escondido ao encanto, trilhaNa armadilha desta luz que apagou. Itacoatiara-AM, 28 de março de 2020.

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Soneto da liberdade

Um grito ecoa das lágrimas angustiadasE, de tanto insistir, entregou-se;De tanto emudecer, esfriou-se,Como as leves névoas estilhaçadas. E da ternura que o enganou na encruzilhadaRestaram os sopros (aos que retirou-se);Restaram as pétalas (às que amargurou-se);Restaram os sonhos, apenas mentira amordaçada. E da liberdade, o sepulcro do pensamento,O pesar do dia que ainda tinha cor;O soar do frio que abraçava ao vento. E do grito, apenas o sofrimentoE um controle revestido de amor;Um cemitério como aurora, um relento. Itacoatiara-AM, 15 de abril de 2020.

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Soneto da memória

Estes enganos inacabadosIgnoram meus resquícios ilusórios,Dão lugar à insensatez destes passosQue ressurgem, sem retalhos simplórios. Estes planos um tanto alicerçadosNas camadas das trilhas de glória,Contam de uma só vez, o passadoE sua voz que candeia a vitória. Como um leve rugido da noiteOs porões da madrugada surgemReluzindo a insensata memória. Banhando-se no algoz açoiteComo se fosse a frágil ferrugemDos embriões da recente história. Crato-CE, 26 fevereiro de 2020.

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Soneto da reconstrução

As horas passam, o silêncio agoniza,A aurora das flores desaparece,Os espinhos nascem, e deles, envelhecemAs cinzas, a luz, o sopro, o dia. As horas, atônitas, se escondemNo horizonte, no vapor, na escuridão;Revestem suas dores com a solidão,E às estrelas sem brilho, respondem: Por que não brilham ao menos na agoniaPara trazer esperança aos pássarosE beleza ao canto sem harmonia? Porque estou a descansar eternamente,Esperando os espinhos reconstruíremA lua, o sopro, a vida, novamente. Itacoatiara-AM, 31 de setembro de 2019.

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Soneto do canto

Soa-me como um leve prantoEste canto que me destoa a luz,Que me cega e me traz o canto,Que enriquece, transparece, conduz. Este verso quase que no espanto,Traz a ventania escura que reluzNas camadas do eterno manto,Escuro feito a trilha que induz. Um brilho que me apara a dor,Que me acaricia a ventaniaE traduz meu ímpeto fragor. Ríspido toque triste e incolorQue alimenta a silenciosa melodiaE, em tempo, furta-me o amargor. Quixadá-CE, 20 de fevereiro de 2020.

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Soneto do caos

O caos abraça meu angustiante peitoE num grito d’horror, azucrina a calma;Diz-me, em preces, o soluço da almaQue já não aguenta tanto desrespeito. Pois que de seu domo escorreitoVem a suave dança da n’alva,Junta-se com esta doce estrela d’alvaE, com seu leve sopro, diz-me o sujeito: − Oh! Por que andas nesta estrada,Pérfida feito o silêncio dos covardes,Angustiando sua nova morada? − Pois que tu és a bruma da enseadaQue me espera na esquina, em alardesContidos na sensatez da madrugada. Itacoatiara-AM, 21 de março de 2020.

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Soneto do encanto

Como um leve brilho no vento, um ínfimoGrito que destroça meu amargo pranto;Um límpido e rústico retalho do canto,Encanto dos dias onde sou teu íntimo. Tão pequena, tuas mãos doces e maciasSão o orvalho de todo insípido mel,E em soluço, furtam-me o triste céu,Transformando-o em sublimes poesias. Ah! Como desenho-te no pensamentoMesmo em incautos tons de sofrimento,Mesmo que em dose de invisível ternura. Ah! Diga-me que estás por um momentoLibertando-me deste infinito tormento,Acorde-me desse eterno minuto de loucura. Itacoatiara-AM, 15 de fevereiro de 2020.

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Soneto manchado

Como podes apenas ver-me assimNeste miserável plano, se deixaste?Como (se até esta solidão levaste)Pudeste levar até mesmo o doce rir? E destas ínfimas incertezas, afãO pobre e iludido pedaço de dor;Levar-me-ás ao cálice do amorOu tornar-me-ei a tristeza da manhã? Ah! Pois que tu não és a flor sem mimSe do teu mel apenas assim provasteO invisível, e esta ilusão teve fim. Ah! Lembro-me feito um leviatãDe todo gosto que de ti ressoou,Eras do límpido gosto, aldeã. Itacoatiara-AM, 13 de março de 2020.

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