O título deste livro é bem sugestivo (tirado de uma poesia minha), alguém pode achar que tem algo a ver com a música da Legião Urbana chamada ‘Metal Contra as Nuvens’, mas não, são contextos diferentes.

Costumo pensar que cada verso meu é um desabafo, e que todo amadurecimento é registrado quando mais emoções podem ser sentidas nas palavras, quando você vê uma evolução.Basicamente, em linhas curtas, esse livro vai abordar quase os mesmos temas dos outros, mas está com um “molho” a mais: um ultrassentimentalismo.

Daí vem o subtítulo: Poesias que irão desconsertar teus íntimos sentimentos. Você não pode ler a poesia ‘O Verdadeiro Amor’ sem se emocionar; ‘Quando As Lágrimas Transbordam’ também é outra poesia que irá te tocar bastante, não irei citar todas as poesias expostas a seguir, mas é um estímulo para o leitor.

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Capítulos

Orchestre à penser

Quando sorri pela primeira vez,As lágrimas de mamãe me afogaram,E viraram um lindo rio, calmo e caudaloso,Que me banhei e limpei a dor e a alma. Quando sorrirei pela última vez?Pode ser a qualquer momento,Num cumprimento a um amigo de anos,Numa benção a meus pais, um beijo na namorada,Ou no meio desta poesia que escrevo. O sol deu-me bom dia hoje cedo,Os pássaros cantaram minha música,Li um jornal, tomei meu café amargo,E olhei no horizonte o cronograma deste dia,E vi que a rotina envelheceu-me 30 anos. A tempestade aproximou-se ao somDa Marcha Fúnebre e Moonlight SonataE apresentou-me motivos de inspiração,Com o teor dos romântico-realistas,Ensinou-me que essas misturas se atrairão. O que será mais interessante que o choro?As causas pelas quais ele se animara a vim,Assim, nesse lugar obscuro e profundo,Abjetos que enraízam o porvir:Clair de lune, mort, vie et symphonie de… Itacoatiara-AM, 20 de março de 2019.

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Palavras de um antigo jovem

Sou um velho e retrógradoPreso num corpo de dezesseis anos,Não suporto essa geração fracassada,“Palavras machucam, Che herói”! “Meu corpo, minhas regras”Reverbera em meus cansados ouvidos,Ainda tenho de aguentar campanhas à morte,Também a subcategoria (feminicídio). Rejuvenesci cinquenta anosE nunca entendi o porquê de tanta dividir,De tanta inveja propagada por quemDiz-se a favor da igualdade, do doce dividir. E neste dia banhado a sangue,Dizer a verdade é sinônimo de crime,Porque para a geração isto é sublime,Desmascara seus grupos de farsantes. Nosso ex-patrono da educaçãoFormou uma imensidão de analfabetosQue repetem aquilo que os livros dizem;Num paralelo com o grande Raul:Servem só pra quem não sabe ler. Nessa grande e cruel DITADURATodos são livres nos atos de bestialidade,Livres para mentir sobre o governo,Sem fonte nenhuma, apenas mídias covardes. Não falam comigo na escolaE formam grupos, que sempre há um líder,Pensam igualitariamente na redoma,Na verdade ninguém está pensando… Seguem os passos de Lênin (alguns sem

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Por meio desta carta

Na solidão dos teus olhos,O silêncio do deserto,A ilusão de teu rostoQuase sempre incerto. Por que olhas tão distanteNeste mar de escuridão?Quase sempre irradiante:O enaltecer do coração. No clamor da madrugadaTu estás perdida nas estrelasQue desenho com um grito,Refletindo tua beleza. Não chores mais, meu bem,O luar te trouxe esta cartaPor meio desta doce lágrimaQue percorre para o além. Por meio desta carta… Itacoatiara-AM, 28 de novembro de 2019.

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Psicodelismo poético

O poeta é um fingidor,Sofre, mas transforma em amorTodo sentimento fingido,Toda alegria revestida de dor. O poeta é um escultor de versos,Engenheiro dos verbos invisíveis;Portanto, tem o dom de inventarE imaginar fingimentos imprevisíveis. Veste-se da incolor e colorida antítesePara expor às flores, seu tom solitário;Pouco lido, assim como o pôr do solÉ pouco visto, tão somente incompreendidoQuanto um vívido sobrevivente sábio. Acusado da monotonia paradoxalPor perceber grandes novidadesNos museus da augusta alma;Autobiografa as autocontradições,Pois como lições, eterniza tempestades. Itacoatiara-AM, 31 de setembro de 2019.

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Quando as lágrimas transbordam

Quando as lágrimas transbordamEncontro-me perdido, em ascensão,No estopim de uma atemporalidadeQue me cega, e depois traz a visão. Quando as lágrimas transbordamVejo-te no espelho das profundezasQue se encontram na escuridão,Sem o vestígio da amarga beleza. Quando as lágrimas transbordamMinha mente se inunda na agonia,Os dias se desconstroem nas noites,E a luz nada faz; entrega-se à melancolia. Quando as lágrimas transbordam,Fico parado, quase a me afogar,Elas tocam em mim, e me desfaço,Acordo, e discorro sobre um olhar. Quando as lágrimas transbordam,Transpassam as correntes da alma,E ainda desfazem o riso da solidão,Que sai flutuando, morrendo, em calma. Quando as lágrimas transbordamCostumo olhar para o doce horizonte,E vejo as fagulhas do medo destroçaremA sinfonia discreta do algoz monte. Quando as lágrimas transbordamLembro-me do dia que nem passou,Das horas em que escrevia a triste poesia,Nas horas em que procurava o que dela restou. Quando as lágrimas transbordamVejo as cinzas da palavra que morreuNo cárcere

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Quando crescer

O que queres ser quando crescer:O artista preferido ou si mesmo?O bem-sucedido ou o fracassado?Farás medicina ou o que queres? O circo está cheio de sorrisosQue não refletem a realidade:Aquela novela, aquela modelo bonita,Aquele carro mais caro… Estão perdidos,Perdidos na inconsciência espúria. E a perfeição perdeu sua autoestima,Em seu lugar ficou a degradação humana,O sentido dos fatos desencadeou a mentira;Perdura nas mentes invejosas, impuras,Que no ódio encontram sua profunda lira. E a namorada que esvaia em um soproPela crítica subjetiva à aparência?E aquela música que traz mais calma,E aquele livro clássico, roupas atraentes:Parecem chatos para quem está sem alma. Aquela crítica mal formulada,A poesia não sentida está inacabada,O choro está sem soluço, pois é fingido,O homem pela aberração é atraídoE as cinzas perderam o rumo na estrada. O que ser quando crescer?O brilho está exausto e triste,A prole, a dramaturgia dos sentimentos,Está em desmanches e não existe,Pela insensibilidade, exauriu e

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Reflexões sobre a bestialidade

Um novo darwinismo social,Ideologia caindo sangrando, sobre vidas,Trocando o ser humano por um animal,Até na morte, a atenção suicida. Eles acham que há alguém mais importantePra não se importarem com o sangue da vítima,Uma criança estraçalhada por ser o que é,Ignoram por não estar dentro da narrativa. Perpetuam suas falas contraditóriasNa demagogia da pseudopreocupação,Protetores do bem, senhores hipócritas,Comovem-se ao caos e o alarde da ilusão. Cortina de fumaça, ode à aberração,Inundados no veneno da própria desgraçaPlantados por eles mesmos na contramãoDa mente, lamúria dos ossos, na madrugada. O menino sozinho aguentou toda miséria,Resistiu até o último suspiro de sua vida,Ignorado pelos detentores da humanidade,Somente alarde se estiver como fazer política. Quatro pernas bom, duas pernas ruim,Todos são iguais, mas alguns são bem mais,No lugar da cruz, a foice e o martelo,No lugar de um filho, a destruição do feto. Itacoatiara-AM, 14 de junho de 2019.

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Relato poético

De tanto sentir, vivo;De tanto amanhecer, anoiteço;De tanto escrever, revivo;De tanto esquecer, esmoreço. Assim encontra-se perdidoO que tanto esperei por tempos:O soar do vento idílicoÀ procura do infinito sustento. De tanto chorar, escrevo;De tanto inventar, suspiro;De tanto planejar, reescrevo;De tanto tentar, desisto. Assim o escopo do céuReencontra sua razão;De tanto buscar, achou-se;No submundo, atira-se em contramão. De tanto abstrair, rebusquei;De tanto planejar, reconheci;De tanto amar, desmoronei;De tanto lutar, renasci. Itacoatiara-AM, 01 de setembro de 2019.

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Romance secreto

Minha voz se escondeu em teus braços,Dela fora furtada a frágil emoçãoE por um triz pensei que um abraçoA fizesse, novamente, encontrar-se no espaço,Fazendo-a acordar do abismo da paixão. Mas tudo tão de repente, tudo em vão;Escureceu-se, e nem ao menos uma palavra,Apenas um gemido de profundo sono,Um profundo soar, um leve espanto,De volta à caixa onde, em prantos, ficava. Lentamente, um leve soluçoE um invisível verso fora dito em instantes,Tão breves quanto o eclipse da luz,Eternos como o brilho que conduzAo ínfimo gorjeio dilacerante. Lamúrias internas quase fixavam-seEm sua primeira e agonizante frase;O vento parava de soprar, finalmente,E em longos sons, dizia delicadamente: Irás melhorar, é só uma fase.A moça estendeu-lhe as mãosE contou-lhe, vagamente, outra história;De seus olhos as lágrimas desciam,Seu incauto amor, desconhecia,Apenas a dor guardava na memória. Sua voz um tanto tristonhaEcoou aos ouvidos do rapaz:Essa apagada chama enganou-meE com palavras vazias, entregou-meA um desconexo sentir,

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Saudade séptica

Sinta as lembranças do futuroE sonhe ao acordar à noiteOnde o destino aguarda distante;Em combate, as cinzas do norte. Sinta o deserto da enchente,A prosopopeia dos rios.O oceano é uma portaTrancada diante da tempestade. Sinta o que não está na mente,A síntese dos versos frios.A lágrima é uma gota mortaLiberta na alma da piedade. No entanto o verso escuroCega a chuva que vem à noiteOnde a ode da solidão está distante;Em espera, as cinzas da morte. Itacoatiara-AM, 03 de setembro de 2019.

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