Desolado sob as sombras,
No peito, o gosto de fel,
Nos olhos, as lágrimas
Que transfiguram o rosto
Do sublime e triste desgosto,
À procura de um esquecido mel.
Isolado sob os devaneios,
Perco-me distante, neste dia,
Onde lembro-me das cinzas,
Onde me visto escuridão,
À procura de uma estação
Onde à dor, reveste a poesia.
Escamoteado sob a amargura,
Sem nenhuma estrela a brilhar,
Vou navegando na devastação
À procura de um incerto destino;
Há no fim, um início, um ensino
Perene, infinito, um caminho a trilhar.
Mas como trilhar sobre vestígios
De um deserto que não existe?
Como encontrar o desconhecido,
Se perdê-lo significa matá-lo,
Isolá-lo sob as raízes de um falho
E desvairado oceano triste?
O desconhecido vê-se num espelho,
E o calafrio abraça seus medos,
A incógnita desafia sua solidão
E o presente encontra seu renascer,
O dia se comove com seu sofrer
E cria, novamente, um novo enredo.
Itacoatiara-AM, 30 de julho de 2019.