Sou como o sol que não se pôs,
Sou poesia que perfura as águas,
A profundidade da límpida estrela,
O desabafo que expande a lágrima.

Sou ametal contra o solo,
Contra as nuvens esvaio o céu,
Contra o oceano desfaço meu verso,
Presenteando o amargo gosto, com mel.

Sou poeta e finjo verdadeiras agonias,
Ignorado, peço ao vento, piedade;
Não leve meu singelo pensamento
Com sua força, seu fervor, sua tempestade.

Sou a metonímia da alma,
Vago sobre as linhas da estrada
Feito um pássaro sem rumo,
Feito uma raiz sem pétala, amordaçada.

Sou uma constelação de melodias,
Sou a solidão que traz a chuva,
Sou fingidor, sem riso e sem tristeza;
Sem horizonte, sem trilho, sem beleza.

Assim, sou invisível colorido,
Sou o silêncio espiral, íngreme;
Sou o ar sem inspiração, sem morada,
Sem harmonia, ventania, sem nada.

Itacoatiara-AM, 18 de setembro de 2019.

 
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