Meu sonho é antigo
Como o passarinho que vaga,
Como o delírio que me prende,
Como o fogo que ascende
Pelo vale da madrugada.
Meu sonho é antigo
Como a leve sombra do nada,
Como o verso que não existe,
Como a dor que, mesmo triste,
De tão doída, torna-se amada.
Meu sonho é antigo
Como o sopro da cruzada,
Como o vento da ternura,
Como as rimas da candura
Na escuridão da encruzilhada.
Meu sonho é antigo
Como a prole da estrada,
Como a melodia da beleza,
Como a aurora da frieza
No submundo das calçadas.
Fortaleza-CE, 01 de março de 2020.