Sou um velho e retrógrado
Preso num corpo de dezesseis anos,
Não suporto essa geração fracassada,
“Palavras machucam, Che herói”!

“Meu corpo, minhas regras”
Reverbera em meus cansados ouvidos,
Ainda tenho de aguentar campanhas à morte,
Também a subcategoria (feminicídio).

Rejuvenesci cinquenta anos
E nunca entendi o porquê de tanta dividir,
De tanta inveja propagada por quem
Diz-se a favor da igualdade, do doce dividir.

E neste dia banhado a sangue,
Dizer a verdade é sinônimo de crime,
Porque para a geração isto é sublime,
Desmascara seus grupos de farsantes.

Nosso ex-patrono da educação
Formou uma imensidão de analfabetos
Que repetem aquilo que os livros dizem;
Num paralelo com o grande Raul:
Servem só pra quem não sabe ler.

Nessa grande e cruel DITADURA
Todos são livres nos atos de bestialidade,
Livres para mentir sobre o governo,
Sem fonte nenhuma, apenas mídias covardes.

Não falam comigo na escola
E formam grupos, que sempre há um líder,
Pensam igualitariamente na redoma,
Na verdade ninguém está pensando…

Seguem os passos de Lênin (alguns sem saber):
“Acuse e culpe-os do que você é e faz”
É uma honra me chamarem de enjoado
E nem olharem a sombra de meus passos.

Logo eu, o velho cheio de vida e imunizado;
Logo eu, a antiguidade renascida
Em tempos onde reina a grande idolatria,
Seletividade em seus julgamentos pré-moldados.

Flautista de Hamelin… induza-os à reflexão,
Recrutá-los-emos na folia do carnaval,
Para vê-los tristes na própria libertação
(Indo a caminho do vendaval).

Vamos introduzi-los a músicas
Que realmente têm letras interessantes,
Com melodias “irradilacerantes”,
Não uma batida e letra que degradam o ser.

Sou um velho chato e acabado, para eles.
Imaginam que devo adequar-me à modernidade,
Chamam-me de “câncervador”, ista (∞mente),
Filhote da ditadura, fascista e outras perversidades.

Agora, jogar-me-ei na frente da morte!
Porque me importo demais com a opinião
De quem não lê nada e repete o dizem;
Rirei e esperá-los-ei crescer.

Venderei meus livros do século I D.C.
Vou pegar meus artefatos de guerra
E escalar a montanha de nióbio,
E pegar o primeiro voo à cultura.

Itacoatiara-AM, 08 de março de 2019.

 
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