Reflito sobre as águas, nos campos
Floridos de meu obscuro deserto,
No submundo de meu canto incerto.

Reflito sobre o ar de meus prantos
Amargos feito o choro do mar
No infinito deste lânguido amar.

Reflito sobre o vento deste mangue
De desilusões que invadem o luar,
Enchendo o céu com amargo sangue.

Reflito, porém, sobre a agonia,
Com os vestígios da razão que há
E consigo ver do outro lado a poesia.

Neste momento posso respirar.

Jericoacoara-CE, 26 de fevereiro de 2020.

 
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