Nesta madrugada abraço meus anseios,
Furto versos do luar que está perdido,
Tento desconectar a ilusão e o devaneio
E rebuscar o doce passo do infinito.

Pairo sobre os céus da solidão,
Transpasso as nuvens de meus desertos,
Concedo à alma um destino em contramão
Àquilo que, incautamente pareça incerto.

Não mais que lentamente transcrevo
Às dúvidas que vivem em meus resquícios,
Quando da fúria surge o amargo trevo
Há no horizonte o nascer de um vício.

Vício esse que em derrocada à escuridão
Dá-me calma em noites devastadas;
O vício que ora liberta a ilusão,
Ora acorrenta a pureza da alma.

Vício esse que me leva ao invisível,
Dá-me encantos em espinhos dissuadidos,
Dá-me luz como cortina de fumaça
Para que não almeje um novo trilho.

Nesta madrugada reflito minhas lágrimas
No espelho da imensidão do desconhecido;
No espelho da poesia submersa em calma
Dentro de um amanhecer menos sofrido.

Itacoatiara-AM, 31 de agosto de 2019

 
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