Conte-me seus mais íntimos segredos,
Como à própria alma que não enganas;
E o que não sentires coragem de contar,
Conte-me com os olhos, mesmo em chamas.

Por que estás tão triste, por que se escondes?
Tudo está tão escuro, perco-me no labirinto;
Conte-me por que teus olhos estão no horizonte,
Dando em silêncio, o sinal de um grito.

Mostre-me teus versos interiores,
Mesmo que naufragados no desconhecido;
Por que estás tão longe, vestida sem cores,
Apenas revestida com o pranto dolorido?

Conte-me teus mais íntimos desejos,
Como ao coração que tanto amas;
Por que estás sem vida, sem valores?
Mesmo os que restaram na morte, que encontras.

Sublime és, misteriosa e incauta flor,
Ainda passarás sobre pedras e espinhos,
Ainda irás sentir o amargo e doce amor,
Ainda verás sob as sombras, o caminho.

Trilharás sobre encruzilhadas e destinos;
Para que pressa, se o tempo esmaga as lembranças?
Para que trevas, se ainda há luz e confiança?
Para que medo, se para sempre estarei contigo?

Itacoatiara-AM, 10 de outubro de 2019.

 
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