Quando meu vazio se esmorece
E minhas horas correm, paradas,
Hei de no segundo seguinte,
Voltar no tempo, num requinte,
E mergulhar na extrema enseada.
Derrapo nas linhas imaginárias
E visto-me com o tom do labirinto,
Rego os desertos de minhas ilusões,
Transpasso as veredas dos sertões
E alimento com poesia o sonho faminto.
Vários caminhos surgem na encruzilhada
E introduzem-me à paralaxe sentimental,
Traduzida sobre o esboço das grades
Vistas no teor da honorífica majestade;
Metáforas escondidas engodo colossal.
Psicodelismo dando vastas significações,
Transformando as grades num oxigênio;
O triste e ignoto olhar, agora cego, se exaspera,
Dá ao sentimento a tão sonhada espera
Para enfrentar o ignóbil insídio heterogêneo.
O invólucro donairoso permeia o estigma
E reconstrói as linhas de locomoção;
As horas andam vagamente na luz
E o deserto de ímpeto caudaloso, produz
A força, há pouco esmorecida pela ficção.
Itacoatiara-AM, 03 de agosto de 2019.