Meus olhos um tanto frágeis
Veem que estão se exaurindo,
Algo os fazem definhar no horizonte,
E o descanso, como chuva, vem surgindo.
Mas isto é um incerto relativo,
Vejo também que nas ferragens
De meu etéreo sono, algo está sumindo,
Talvez eu precise me exaurir um pouco mais.
Delegando-me ao ócio infinito,
Percebo ao olhar-me no espelho das águas
Que o tempo se converteu em pó
E que a morte encontrou sua morada.
Desvirginando a manhã fria e calma,
Os anseios regam a tempestade,
E o ciclo continua até o arrebol
Da tarde onde o silêncio é miragem.
Vi que meus passos poderiam ir além,
E as pétalas floresceriam no outono,
O espelho refletiria o próprio reflexo,
Permearia a saudade pelo riso convexo.
A estrela de aço surge sobre os ombros,
O intrafegável destino cobre as lágrimas,
Velejando sob o oceano de luz, os passos
Vão em direção à indecisa encruzilhada.
Pousando sob o solo do infinito encanto,
Vejo em segundos o que há tempos não existia,
No submundo onde a raiz estava endossada
Não soava nada além da nefasta melodia.
Meus olhos um tanto frágeis
Veem que estão acima dos céus,
Algo os fazem desenhar seus passos,
A liberdade tirava as correntes do fel.
Finalmente desfrutará de seu descanso.
Itacoatiara-AM, 14 de agosto de 2019.