Como se fosse um espiral de silêncio:
Assim são meus olhos, e as minhas palavras
São os trovões que amedrontam a calmaria
Do semblante da criança empalidecida.

Meus versos são a caixa da metonímia
Que transpassa toda a percepção pré-concebida
Da escuridão que reverbera em minha pele,
Que transcende a mais alta glória esquecida.

Como se fosse um espiral de desilusão:
Assim é a realidade, e os meus sonhos afogados
Reiteram o último suspiro da insolúvel poesia,
Com um ar que transpassa o véu amordaçado.

Reiteram os passos demasiadamente tortos,
Que em linha reta desenharam um castelo;
Os passos curtos que atravessaram o deserto
Disseram em uma só voz: o caminho é incerto.

Como se fosse um espiral de amargura:
Assim são minhas lágrimas, e a chuva derrama
Seu mais alto fragor de devastação, e diz lúcida,
Com sua doce voz: é a ti que minha loucura declama.

Itacoatiara-AM, 31 de outubro de 2019.

 
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