Chega de sentir o que não há,
Chorar sem que as lágrimas percebam
Que as flores ainda estão nascendo,
Mesmo que sem respirar.

Chega de fingir e se esconder
Dentre a própria horda de ilusão,
E retrair e sorrir, se entregar ao medo,
Mesmo que pareça salvação.

Chega de chegar o fim do dia
E o rio declamar sua tempestade,
E o quanto secou, se entregou à angústia,
Mesmo sendo sua inteira metade.

Chega de sonhar sem assistir
A própria alma, sedenta, se ocultar.
Chega de tentar e desistir e persistir,
Mesmo perdendo antes de tentar.

Chega de oceanos rasos e profundos,
Chega da antítese que precede
Toda empatia por este submundo,
Mesmo que parece amarga prece.

Chega de versos metonímicos
Que não refletem a escuridão.
Chega de sonhar com o inesquecível,
E no fim do dia, ser estirado na solidão.

Itacoatiara-AM, 11 de setembro de 2019.

 
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