Ao se escrever

Em silêncio, um grito de sentir,
Uma voz que congela as paredes do ser,
Quase que sendo um doloroso fingir,
Ou simplesmente um minuto a esquecer.

Em esquecimento, lembro-me da cicatriz
Que queima o rio da esperança que agoniza,
Que esbarra no fio de meu pequeno giz,
Um rabisco de poesia que eterniza.

Desenho em desconexos tons um verso
Do que nunca vi, e nem, tampouco escrevi;
Apenas reli uns pensamentos dispersos
E sem nexo, anexo esse novo existir.

Soa-me como um estreito espaço
Onde caminho em equilíbrio dos instintos,
Onde repito, novamente, o passo
Que, de escasso, torna-se faminto.

Um famigerado teor melódico
Dá vida a cada palavra que transborda
E, depois de um empoeirado ócio,
Transporta-se ao íntimo, à borda.

Esta borda leva à constelação,
Um universo diluído ao se viver
Perante ao ápice desta límpida emoção:
A do exato instante ao se escrever.

Itacoatiara-AM, 11 de fevereiro de 2020

 
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