Essa lua branca e estilhaçada
Caiu na superfície de minha mente,
Plantou sua raiz e sua morada
Nas cinzas da agonia, de repente.
De repente senti sua claridade
E meus olhos tropeçaram na semente,
Como um trovador que traz serenidade
Ao luar que vem nascendo, lentamente.
Lentamente vi nos cantos da lareira
Um resquício de sua luz esbranquiçada,
Apagou-se um imenso candelabro,
Com o esboço desta lua, já apagada.
Apagada feito uma chama ascendente
Que caminhava pela trilha de um castelo,
Fortes emoções vagavam cegamente
Como a gota de um sentir sincero.
Velejei sobre minhas lembranças à noite
Procurando a escurecida lua branca,
Via apenas um resquício de seu brilho
Refletindo nas profundezas do rio.
Então a primeira palavra surgiu
Entre as doses do eclipse amargo,
Minhas mãos caíram sobre o chão
E meu peito partiu, em infinitos retalhos.
Assim surgiu minha primeira poesia.
Juazeiro do Norte- CE, 21 de fevereiro de 2020.