Prefácio

George Wook desde o início teve uma vida extremamente sofrida, seus pais foram mortos pelos porcos comunistas da União Soviética. Entretanto, ele conseguiu abrigo até os dez anos, quando passou a viver intensamente no que o mundo poderia oferecer, nem sempre eram flores, os aços da realidade acorrentavam-no na cruel tempestade.

Sempre que a tempestade passava, ele buscava imaginar situações onde o sofrimento era menor, sonhava bem alto e até caminhava em cima das nuvens. George desde cedo sempre foi muito autodidata e aprendeu tudo praticamente sozinho, tinha suas ideias muito firmes, mas sentia que havia um vazio, sentia que estava incompleto, sentia que Deus deveria mandar esta outra parte, pois a solidão sempre o abraçava à noite, sempre soava em seus ouvidos coisas terríveis, como o extremo e fervoroso silêncio.

Certo dia conheceu Megan, e de repente nele se despertou um sentir diferente, e ele procurou refúgio na poesia, na verdade fora a bela flor do alvorecer que tinha despertado este lado poético. De repente tudo passa a ser menos dolorido, tudo passa a pertencer à realidade. Viraram amigos e viveram muitas aventuras, até Megan partir dolorosamente.

O fundo do poço era comum para George, ele se acostumou com o pior, mas nunca desistiu de seus objetivos, de repente viu-se perdido numa imensa escuridão, viu de perto o abismo, e a morte tocou em sua face, prometeu a ele diversos objetos metafísicos; ele sempre teve muita profundidade na sua escrita,
algo positivo, visto que tudo o poeta desabafava na poesia, ele poderia apenas se isolar em seu próprio mundo, poderia desabafar com alguém inexistente que não fosse ele mesmo, mas preferia conectar-se à sua alma.

Em determinado ponto de sua vida, percebeu que já tinha poemas suficientes para lançar um livro, assim surgiu Pela Última Vez, e tudo começou a fazer sentido, e nesse momento Megan ainda não tinha partido, e parecia que o tempo era totalmente desfavorável à sua sobrevivência, parecia que as nuvens e os pássaros apenas lhe informavam que iria chover quando já estava chovendo; parecia que a primavera tinha trazido consigo a seca do semiárido nordestino, e nada era simples, até mesmo se por início parecesse ser.

Porém, com o tempo George viu que seu livro não deu certo, e até parecia que nada estava dando, o tempo se passava e a miséria continuava, parecia que o passado não chegava ao presente, e o presente não tinha futuro. Até parecia que tudo estava fadado ao fracasso; mas ele estava ali, em pé, resistindo
a todos os golpes que recebia, suas pernas estavam um pouco fracas e tremiam quando ele apenas tentava dar o passo seguinte.

Ele se imaginava em uma escadaria, e certamente quando chegasse a essa escadaria, poderia achar alguma luz no fim do túnel. Ele até caminhou sobre diversas cachoeiras, cavernas, oceanos, e sempre ficava à beira do alto mar lutando para salvar a vida, e no meio do oceano sempre conseguia achar um barco e voltar para a praia que estava em sua mente.

Caminhou sobre seus sentimentos, o seu íntimo (por mais que parecesse intocável) sempre esboçava um castelo medieval com várias entradas para caminhos distintos, e ele pôde experimentar cada um desses destinos, e sempre se expunha ao futuro, ao passado, ao seu infinito; sempre caminhava de mãos dadas com a filosofia, e sempre buscava metáforas que explicasse o que o mesmo estava a enxergar, mesmo que de olhos fechados.

A música se fazia sempre presente em sua caminhada, e quando tudo passou a dar certo, até se questionou se era realidade; seu coração costumava ser psicodélico, sempre arraigado entre esperanças fenecidas, que por mais que tivessem fenecidas e invisíveis, sempre reverberavam em contínua
simetria que tudo daria certo, sua mãe era quem aparecia no espelho de suas lágrimas e lhe dava o conforto devido. Quando dias impossíveis iam descansar, a poesia de George era mais intensa, e sua derradeira denotação se esvaia no sopro da agonia.

Quando o fruto de seu trabalho funcionou? Muito tempo depois das dores, seu livro Alvorada abriu caminho para vários jovens, com isso George conseguiu se reerguer, e já era dono de uma grande editora, de inúmeras livrarias, e estava próximo de construir seu bem mais precioso, a tradição mais bonita, representando seus preceitos mais antigos: a família.

No clamor da madrugada, George estava sentado sobre a pluma de seus pensamentos, refletindo sobre qual luz e qual eco guiar, quais decisões deveria tecer em seus atos, que palavras deveriam soar de sua realidade, para, finalmente soar à aurora o nascer de um poeta.

Abraão Marinho

 
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