Era uma luz de Led que lembrava muito os anos 80, tinha
alguns carros ali na frente, e o relógio de George marcava sete e
quarenta, a bela moça estava à espera dele para mostra-lo como
seriam os procedimentos. Ela estava com um vestido que
realçava as curvaturas da bela estrada, o vestido era vermelho e
tinha poucos detalhes, realçava sua beleza de maneira colossal,
seus lábios estavam destacados com um vermelho vívido e seus
olhos negros brilhavam com a luz de Led que vinha de longe.
— Boa noite, você está muito bonita! — elogiou George.
— Boa noite, querido. Obrigada pelo elogio, estava lhe
esperando; venha, me acompanhe. — disse a moça com um largo
sorriso.
Ela pegou nas mãos de George, e os dois juntaram os braços
e caminharam para dentro do Teatro, tudo estava planejado, tudo
muito bonito, não estava lotado, mas tinham algumas pessoas,
cerca de trezentos e cinquenta, por aí.
A marca de George estava no centro
da grande sala, revestida de ouro, de
arte, parecia que um brilho diferente
vinha do lustre, uma luz de esperança,
uma luz no fim do túnel, e novamente:
As coisas boas hão de serem superiores às ruins.
O relógio marcava oito horas, e o espetáculo iria começar,
tinha até uma orquestra ali, e as placas que indicavam o
lançamento de Alvorada estavam nos quatro cantos das paredes,
209
tudo esquematizado; George treinou sua fala com a moça
desconhecida, e logo notou que em seu colar tinha o nome de
Alice.
Senhorita Alice, portanto, iria conduzi-lo ao centro do Teatro
para discursar, ela começou dando as boas vindas, todos
estavam bem vestidos, a orquestra estava tocando lentamente as
melhores músicas que poderiam existir, naquele momento
tocavam o Noturno em dó sustenido menor, de Chopin.
Todos estavam apreciando uma boa música, era um ambiente
chique, bem clássico, como nos grandes romances de
Shakespeare, como nos grandes filmes, era algo fora da
realidade cultural. A grande hora havia chegado, Alice estava
dando voz ao poeta, seria a hora de dar seu discurso.
Ele estava um pouco nervoso, mas sóbrio o suficiente para
dizer:
A pedido seu, tocariam a melodia sentimental de Heitor Villa
Lobos, mas de maneira bem lenta e emocionante, então começou
a discursar:
Boa noite a todos! Queria agradecer
primeiramente a Deus a oportunidade
de estar aqui, depois à Editora Manaus
que me recebeu de braços abertos
nesse lançamento ao meu futuro de
escritor. Sei que não é necessário, mas
irei contar um pouco sobre minha longa
caminhada, e o porquê de eu estar
superando as dificuldades da vida de
maneira mais comum, com menos
dificuldade e com bastante resiliência.
Meus pais foram assassinados pelos
comunistas no regime totalitário
210
soviético, antes de serem assassinados
me mandaram para um lugar
desconhecido, antes de serem
aprisionados nos gulags me enviaram
por meio de um soldado (que era
exceção) que era amigo de meu pai,
para bem longe dali.
Vim parar aqui no Amazonas e fui
acolhido na casa de uma senhorinha
(ele tinha que inventar isso, senão
ninguém acreditaria), ela nem
conseguia se sustentar direito e era
sozinha, porém me deu a melhor
educação possível; ela era muito
inteligente e ainda me alfabetizou.
Certamente era alguma parente
distante daquele soldado soviético.
Fui crescendo, e quando eu tinha dez
anos ela morreu, e fiquei sem ninguém,
não tinha nenhum conhecido, e estava
aqui, no interior do Amazonas. Passei
muita fome e era morador de rua, mas
consegui vencer essa batalha. Comecei
a escrever poesia com catorze anos e
desde lá não parei.
Muitas poesias mostram minha
melancolia, minha tristeza e angústia;
muitas mostram meu lado romântico, e
mesmo sem ter nenhuma companheira,
criei uma como os românticos faziam,
mas não tenho vícios nem sou
tuberculoso.
211
Muitas delas são psicodélicas, pois
crio infinitas alucinações, infinitas
circunstâncias e significados; às vezes
escrevo sem perceber, apenas obedeço
ao subconsciente, parece que meu
pensamento entra em transe, minha
alma fica calma e apenas vou
escrevendo o que uma voz esvai de
dentro de minha consciência.
Discorro diversas temas, abraço
infinitas sensações, inclusive a de não
sentir nada; não gosto de apresentar
algo superficial em minha escrita, tudo
tem sentimento; nesta obra vocês
também irão ver muitas críticas, muito
sobre política, sobre filosofia, até
mesmo a psicologia estará presente.
Não tenho como descrever com
palavras o que estou sentindo, a
felicidade que é você estar entre muitas
pessoas que estão refletindo sobre o
que sua obra pode oferecer, isso é
muito importante para o escritor.
Estou aqui com minha obra nas
mãos, estou muito feliz, logo aqui na
frente tem minha oração, vocês
poderão ler quando tiverem seus
exemplares, é uma experiência única;
sinto que estou em uma constante
redenção, estou saindo do fundo do
poço, estou vendo uma luz no fim do
túnel.
212
Eu queria, por fim, agradecer
novamente suas ilustres presenças,
não sei se irão gostar de minhas
poesias, mas tenho uma frase que diz
que as coisas boas são superiores às
ruins.
George leu pausadamente, mas com eloquência, e quando
terminou, disse: Muito obrigado. Foi muito aplaudido e muitos
estavam chocados, em lágrimas, o soluço estava tomando de
conta do local. Alguns comentavam que só iriam comprar o livro
por conta desse belíssimo discurso, um jornalista tinha gravado
tudo e iria fazer uma reportagem, ao todo o discurso durou quatro
minutos.
Rêverie, de Debussy, pairava nas notas de violino e de piano
no exato momento em que George se assentara no lugar onde
lhe era o lugar aguardado para dar autógrafos. Os cem
exemplares estavam ali acima de luxuosas estantes, e tinham
uma cor mais vívida e especial, o dono da Editora, Roberto
Cavalcante estava tecendo muitos elogios ao poeta para os
grandes empresários da cidade, muita gente importante estava
ali, e aquilo era uma experiência para George, com certeza aquilo
iria ser um momento ímpar de sua vida. Realmente ele seria
chamado assim dali para frente, o poeta.
Foi um tremendo sucesso! Os cem livros foram vendidos em
um tempo recorde, estava muito bem comentado pelas pessoas
que estavam dentro do Teatro, estava bem impresso, em uma
folha resistente, em Times New Roman, tamanho 12. Sua
assinatura em cada livro estava assim:
213
Três mil reais em menos de três horas era uma imensa glória,
O Senhor Cavalcante (como era chamado o dono da Editora
Manaus), e a alta burguesia da cidade havia se familiarizaram
ainda mais com o rapaz, e os burgueses resolveram ajudá-lo, eles
fizeram um acordo com o Senhor Cavalcante para que se fizesse
vinte mil exemplares (dando uma fortuna de trezentos mil reais,
pois o dono teria deixado por quinze reais cada exemplar).
Vinte empresários estavam lá (e eram muito ricos), e cada um
daria quinze mil reais, estavam meio que investindo em George,
mais tarde dividiriam entre si cerca de trinta e cinco por cento
(35%) do dinheiro total da venda dos livros. Portanto,
multiplicando-se vinte mil por trinta e cinco reais daria um valor de
setecentos mil reais (R$700.000,00), diminuindo por trezentos mil
reais (R$300.000), daria um valor líquido de quatrocentos mil
reais (R$400.000,00), valor esse que os investidores tirariam
trinta e cinco por cento (35%) desse total de dinheiro daria um
valor equivalente a cento e quarenta mil reais (R$140.000,00),
dividindo por vinte (que são o número do total de empresários),
daria um valor de sete mil (R$7.000,00) de lucro.
Tudo explicado na tabela a seguir:
214
ORÇAMENTO
Valor por página R$0,08
Número de páginas 200
Valor do livro (0,08×200) 16 (desconto R$15,00)
Número de exemplares 20.000
Valor total (20.000×15) R$300.000,00
INVESTIMENTO
Número de investidores 20
Valor dado por cada um R$15.000,00
Valor total (20×15.000) R$300.000,00
LUCROS
Valor do livro (na venda) R$35,00
Quantia total (35×20.000) R$700.000,00
Valor líquido (lucro) R$400.000,00
Porcentagem para investidores 35%
Valor para os investidores R$140.000,00
Valor para cada investidor R$7.000,00
É importante lembrar que George ficaria com o valor bruto de
cinquenta e cinco por cento (55%) dessa quantia de quatrocentos
215
mil, o que resultaria em duzentos e vinte mil reais (R$220.000,00);
e os dez por cento (10%) que faltavam seriam investidos em
marketing, valor esse equivalente a quarenta mil reais
(R$40.000,00). Era muito importante para ele, entrar em contato
com o mundo dos negócios, os investidores teriam um de sete mil
reais (R$7.000,00), isso porque não era um investimento como
aquele feito na bolsa de valores.

 
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