George despediu-se de Megan e foi para casa, ainda estava
se recompondo de tudo o que houvera acontecido. Ao chegar à
sua casa, dirigiu-se à sua suíte luxuosa (em pensamento), lá
George tinha ideia para escrever, para elaborar suas poesias.
Pensou então em como as pessoas em si em sua maioria apenas
dão atenção à capa de um livro, ao título de uma música ou
poema, para só então pensarem se vai agradar ou não. Isso é
muito superficial, escrevera, portanto algo que exprimisse esse
pensamento:
POEMA SEM TÍTULO
Quer dizer que se interessas
Apenas pela aparência de algo,
Não pelo que contém nas palavras,
Nem no toque de um sentido amargo?
Quer dizer que nada importa,
Apenas o que massageia seu ego,
Apenas o que te faz ser um ser
Saciado pela demasiada curiosidade?
Apenas palavras doces te agradam,
Apenas falsidades contidas num título
Sensacionalista que nada de importante
Irá trazer para a sociedade?
Apenas o ócio te dá prazer?
E aqueles planos esquecidos
Na última semana de fevereiro?
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Viraram cinzas no último filme assistido.
Onde está o boleto vencido:
Do seu lado na hora do jantar?
E aquele direito trabalhista indevido:
Preferes tê-lo sem fazer nada?
Onde estão os sonhos perdidos:
Na sala escura ou na estante, virando pó?
E aquele livro que começaste a ler
E não saíste nem da primeira página.
Onde está o poema não lido
Que prometeste que irias ler?
E o ‘Bom dia’ dito na primeira vez
A quem vês todas as manhãs:
No desprezo, ingratidão ou no que
Não foi e nunca mais será dito?
Nunca mais será o erro será visto
Ou precisas de título para entender?
Isso seria uma afronta aos seres democráticos que censuram,
fazendo terrorismo psicológico.
Passaram-se então dez anos, e George estava no auge de sua
carreira. Com 26 anos, três livros com o recorde de vendas,
conseguira vender mais de sessenta milhões de cópias pelo
mundo inteiro. Estava em sua mansão com moldes medievais,
com várias pinturas famosas pelas paredes, com um belíssimo
piano em casa, estava estudando música.
Megan estava mais bonita que nunca, agora adornada de joias
pelo corpo, e esperando o primeiro filho do casal. Tinham uma
imensa biblioteca em casa e uma sala especial para George
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escrever suas obras, ele havia lançado três, porém tinha o
rascunho de mais quinze para lançar.
George na verdade usou aquele dinheiro que ganhara do Sr.
Beethoven gradativamente, primeiro montou um pequeno
comércio de coisas usadas, depois foi crescendo e crescendo
junto com Megan, um terço daquele dinheiro serviu para mantê-lo
vivo, sendo que a mansão onde estava vivendo agora era a
casa abandonada, reformada nos moldes que os dois queriam,
George passara no vestibular para fazer faculdade letras, e
Megan fizera psicologia.
Megan é uma psicóloga renomada na Inglaterra, e George um
escritor. É considerado um poeta que até agora conta com mais
de mil poesias; se continuasse assim seria um dos maiores
poetas contemporâneo, e Megan, uma poderosa psicóloga, seu
consultório é o mais procurado do país inteiro, ela ajuda por ano
mais de cem mil pessoas.
Viajam pelo mundo, e a psicologia de Megan junto com a
poesia de George afetam milhões de vidas, ajudam infinitas
famílias. Alguns poemas de George se destacam, aqui estão os
dois que lhe tornaram famoso:
ODE AO INVISÍVEL
O eco de tuas palavras
Repercutem no choro do dia,
A chuva de teu abraço
Inflama o vapor da alegria.
Se minha mente está enganada
Já não sei o que irei inventar,
A alma está um pouco calada,
Perdida na névoa do ar.
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Solidão é a gota do aço
Presente na vida de quem faz,
Coragem é gesto de um desenho
Feito a quem sempre quer mais.
Se a culpa é do outro pelos erros
De quando tu estavas dormindo,
Se não quiseres colocar os acertos
Também nas costas de quem está sorrindo.
Não queira enganar a si mesmo
Imputando a si a perfeição,
Nem tente contar os teus segredos
A quem só quer atenção…
Solidão é a gota do aço
Presente na vida de quem faz,
Coragem é gesto de um desenho
Feito a quem sempre quer mais.
ATIRE A PRIMEIRA PEDRA
Atire a primeira pedra, quem nunca,
Por curiosidade, quis deixar de existir,
Só pra ver quem se importaria,
Quem ficaria feliz e quem mais choraria;
Só pra saber se seria paz ou desespero
O sentimento que predominaria no espaço,
O calor ou o frio mais escasso
Que traria o reflexo do que fui.
Atire a primeira pedra, quem já
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Cansou de falar só, e da solidão mais escura
Restou somente o pó e o silêncio de um
Pensamento que à confusão traria a cura.
Quem nunca viu o sol se pôr
Não pode vê-lo nascer novamente,
Porque a lua o escondeu no calor
E na neblina plantou seu ardor.
E decidiu perguntar a primeira pessoa:
Já mandaste quem é contra ti
Atirar a primeira pedra, caso
Nunca tenha discordado de alguém?
Então por que fazer de mim um inimigo
Se o que nos separa é apenas a discordância?
Somente os tolos atiram a primeira pedra
Nestas circunstâncias de extrema razão.
Os que nada entendem sobre
Apenas irão rir da própria ignorância,
De sua capacidade de entender
Uma simples e inofensiva analogia.
Pergunte a si mesmo: Quem sou eu?
E quem nunca fez isso, diretamente,
Que atire a primeira pedra!
O que você quer ser quando crescer?
E o que tanto sonhavas há anos:
Conseguiste o mais profundo desejo?
Deves estar confuso no momento,
E quem não tiver atire a primeira pedra;
A pedra do teu ser é vazia como parece
Ou é apenas um pueril objeto?
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O que és agora e aonde vais?
Perguntas sucessivas feitas ao vento:
Dúvidas eternas que duram segundos…
Dias vêm e vão como num sussurro
E questionam ao ser que pensa:
Quando irei vencer?
Será que é tarde para ver as horas?
Ou será que é cedo para dar o primeiro,
Segundo ou o milésimo passo?
A lua cheia e a lágrima da chuva secam,
Os raios destroem o que já está destruído,
O tempo, teimoso, acaba e reinicia.
Quem irá atirar a primeira pedra?
Ambos os poemas foram feitos quando George tinha dezesseis
anos, um poema que se destacou também foi o Modus Operandi,
inclusive o poeta é conhecido por ser bem crítico, por sempre dar
respostas pesadas aos jornalistas vermelhos. Ele é uma imensa
arma cultural contra o globalismo, contra a utopia ilusória que já
matou milhões de pessoas, sendo que se juntarmos todos os
desastres naturais, todas as desgraças, nenhuma vai equivaler à
dos tempos de paz.
A primeira música que George aprendeu a tocar no piano foi o
primeiro movimento da sonata ao luar, de Beethoven, em
seguida, Clair de lune, música que ele tocou no seu casamento.
Viajou para o reduto muçulmano (vulgo França) para passar sua
lua de mel, e tudo foi muito mais do que o esperado, o casamento
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de George e Megan era o que qualquer adolescente decente não
deturpada pelo feminismo (calme) queria e quer.
— Querido, acorde! — disse Megan, com a voz doce.
— O quê? Onde estou? — disse George, atordoado.
— Aqui na casa abandonada, querido! — disse
carinhosamente Megan.
— Acabei de ter um sonho muito bonito, amor. — com os olhos
cheios de lágrimas, regozijou George.
— Com o que você sonhou? — perguntou Megan.
— O destino irá nos mostrar, querida. Tenho fé em Deus que
vamos conseguir fazer com que o que sonhei se torne realidade